O deputado federal Fábio Faria (PSD) foi o último integrante da bancada potiguar a descer do muro e se posicionar em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Na verdade ele mudou de posição porque estava contrário a proposição.
O gesto de Fábio mostra que em política não há gratidão. O que existe é conveniência. Venhamos e convenhamos o momento é de pragmatismo mesmo. A prioridade é salvar o pescoço.
Fábio poderia ter gratidão ao PT. Afinal essa foi a única grande legenda que apoiou o pai dele para o Governo do Estado. Por outro lado, houve mesmo é uma troca de favores. Robinson Faria (PSD) também foi o único político da elite potiguar a endossar a candidatura de Fátima Bezerra (PT) ao Senado. Os interesses convergiram e os dois foram vitoriosos nas eleições de 2014. Entendo que ninguém deve favor ao outro.
Por outro lado, o PT é fundamental para que mesmo fazendo uma gestão tão sofrível quanto a de Rosalba Ciarlini, mas está bem menos desgastado que ela a essa altura do mandato muito por causa da atuação tímida dos sindicatos ligados ao petismo.
O pragmatismo extremo de Fábio pode render desgaste ao pai. Nesse momento o apoio do PT pode ser tratado como dispensável. Afinal de contas o partido só tem um deputado estadual e a saída pode servir para acomodar apadrinhados de quatro ou cinco ocupantes de cadeiras no legislativo estadual. Isso é bom do ponto de vista da governabilidade. Mas mais a frente quando os ânimos se acalmarem no pós-impeachment Robinson poderá ter problemas com os sindicatos petistas e pior: não terá amparo num cada vez mais provável governo Temer cujo principal fiador no Estado será o ex-deputado federal Henrique Alves que tudo leva a crer que será um dos ministros.
O pragmatismo extremo do célebre deputado pode ser um tiro no pé para o pai/governador.