Fábio Faria está perdendo uma grande chance de ser levado a sério

Fábio Faria se notabiliza por postura subalterna ao presidente (Foto: Alan Santos/Presidência da República)

Ele estreou na política em 2006 com um jingle que trocava a palavra “patifaria” de uma música da banda Ferro na Boneca por “Fábio Faria”. Com a força do poder do pai que presidia a Assembleia Legislativa ele foi o deputado federal mais votado do RN naquela eleição com 195.148 votos, um recorde na época.

Mas ninguém levava Fábio a sério. A fama de playboy ficou mais intensa com os seguidos relacionamentos com celebridades. Ele aparecia mais nas capas de revistas de fofocas que nas páginas políticas.

Até que veio o escândalo das passagens aéreas da sua cota parlamentar usada para custear viagens da sua então namorada Adriane Galisteu.

Nas planilhas da Odebrecht seu apelido era “Garanhão”.

Nos últimos anos, Fábio vinha melhorando a imagem. Ganhando fama de bom articulador político. Chegou a ser vice-presidente da Câmara dos Deputados e ao se tornar ministro das comunicações estaria dando um passo importante para mudar de patamar político.

Mas em vez de escolher o caminho da eficiência, o ministro escolheu o da bajulação. Sua ascensão ao cargo tem sido marcada por uma sucessão de vexames. O mais recente ocorreu no final de semana quando ele criticou as jornalistas e artistas que lamentam as 500 mil mortes provocadas pelas covid-19.

Fábio foi detonado por vários jornalistas do país. Levou uma senhora invertida do deputado federal Rafael Motta (PSB), uma dura crítica da deputada estadual Isolda Dantas (PT) e chegou a ser classificado como “canalha” pela deputada Natália Bonavides (PT).

A resposta de Fábio veio para Motta lembrando que o pessebista gosta de praticar kitesurf. Uma reação patética diga-se de passagem.

Entre os jornalistas ele foi detonado por Reinaldo Azevedo que lembrou que nas tragédias não se conta o número de sobrevivente, mas as vítimas.

Tenha a decência de ao menos lamentar os mortos, ministro! Quanto a comemorar os curados, dizer o quê? Já fiz esta conta no Twitter: na Segunda Guerra e conflitos associados, morreram entre 55 milhões e 85 milhões, a depender do critério. A verdade deve andar pelo meio. Pelo DataFaria, a gente poderia dizer: “Que bobagem! Pouca gente! Afinal, salvaram-se entre 96,6% e 97,8% da população mundial à época (estimados 2,5 bilhões)”.

Entendeu, Faria, ou quer que desenhe? Ah, é claro que entendeu. O seu mal não é a burrice. É a esperteza. Bolsonaro ignora os mais de 500 mil mortos exaltando os policiais que estão na captura de um bandido. Se duvidar, está tentado a aparecer para posar ao lado do corpo…

Fábio tinha na função de ministro uma grande chance de se redimir após a trágica passagem de se pai, Robinson pelo Governo do Estado, mas ele piorou ainda mais a própria imagem.

Além da fama de playboy vai ficando com a marca de bajulador. Pior: a de quem bajula um presidente marcado pela falta de empatia com as vítimas de uma tragédia que ceifou as vidas de meio milhão de brasileiros.

Fábio Faria além de perder uma grande chance de ser finalmente levado a sério vai caminhando para fazer companhia aos políticos potiguares que apoiaram o golpe de 1964 no lixo da história.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto