Ontem o Blog do Barreto publicou dois artigos sobre a morte de Mariele Franco que completou dois anos no último sábado. Estava no contexto assim como quando completou três anos do assassinato da jovem Valéria Patrícia também fizemos o registro.
Num país politicamente polarizado e esbanjando teorias da conspiração tudo vira política. Para quem é da esquerda Mariele foi assassinada a mando da família Bolsonaro, para quem é da direita a vereadora estava entranhada no milicianato.
Aqui no contexto de Mossoró logo se levanta a questão sobre Valério Patrícia, morta brutalmente em 11 setembro de 2016. O homicídio que comoveu a cidade até hoje e não foi esclarecido. Esta é uma das vergonhas da polícia local que arquivou o caso.
O assassino de Valéria ficou impune. Como livre está quem matou Luciana Sartori com requintes de crueldade no natal de 2017.
Falar de Mariele não significa esquecer-se de Valéria. Também é preciso lembrar-se de Luciana, que ninguém resgata nessas horas também.
Por que será?
Num cenário de leitores de manchetes, de politização das tragédias o que importa é lacrar nas redes sociais e provocar falsos constrangimentos aos jornalistas.
Dane-se a reflexão!
Na falta de reflexão sobra passionalidade. Por ser reivindicado pela esquerda, o cadáver de Mariele Franco não tem valor para direita. Pouco importa a simbologia de ela ser negra, da favela, defensora dos direitos humanos e LGBT. Ninguém se toca que ela estava na base da base da pirâmide.
O foco é no ataque.
O caso de Valéria comove toda sociedade por ser um crime sem solução. A direita local recorre a ela como muleta para desqualificar qualquer manifestação local à memória de Mariele, mas a esquerda também se solidariza.
Já Luciana Sartori é claramente esquecido por todos. Desconfio que seja por se tratar de um brutal feminicídio.
O que ninguém se importa em todos os casos é com a dor das famílias. Falta empatia para se colocar no lugar de quem as perdeu. Mas quando se necessita politizar as favas a sensibilidade.
Falar de Mariele quando se completam dois anos de sua morte não significa esquecer das outras duas.