Falta de alternativa à suspensão da coleta seletiva provoca dificuldades a catadores

Coleta seletiva foi suspensa por medidas de segurança (Imagem: Reprodução)

 

Com a suspensão da coleta seletiva, trabalhadores que sobrevivem da coleta de material reciclável enfrentam dificuldades. A atividade precisou ser suspensa por causa da pandemia do novo coronavírus. Apesar da importância do trabalho desenvolvido pelos catadores, eles trabalham com material descartado que pode representar perigo à saúde dos trabalhadores.

“Está meio difícil, é um trabalho que também depende da educação de cada um”, diz a presidente da Associação Comunitária Reciclando para a Vida (ACREVI), Josefa Avelino.

Na realidade, desde setembro do ano passado os 20 catadores que atuam na Associação enfrentam problemas. No dia 15 de setembro de 2019, um incêndio atingiu o local onde funciona a sede da Acrevi e destruiu materiais e equipamento. Para retomar os trabalhos, a Associação fez um empréstimo usado na compra de uma prensa usada, paga em parcelas, descontadas a partir da produção.

Por causa da pandemia, as atividades foram suspensas recentemente. De acordo com Josefa os carros usados na coleta foram retomados pela Prefeitura, mas não houve nenhuma reunião com os catadores e a informação sobre a suspensão das atividades não foi repassada à população.

A única ajuda que a Associação recebeu nesse período, segundo ele, foi através do Ministério Público, que doou máscaras e alimentos, e da Associação dos Docentes da UERN (ADUERN).

A presidente da Acrevi informa que alguns catadores receberam o auxílio emergencial, mas outros ainda têm o pedido ‘em análise’. A presidente da Associação calcula que, por mês, cada catador alcance, através da coleta, uma renda de R$ 400,00 a R$ 500,00. O trabalho de coleta é a única fonte de renda de alguns, outros têm o Bolsa Família.

Josefa Avelino sabe que, para a segurança da saúde dos catadores, não há condições de retomar o trabalho de coleta nesse momento em que o material que sai das residências também pode ser perigoso. Até porque, antes mesmo da pandemia, os catadores já se deparavam com produtos que não deveriam ser descartados junto à coleta seletiva, como máscaras, luvas e seringas usadas.

Mas ela considera que a ajuda necessária à Associação seria por parte do Município. “Eu acho que a ajuda é a Prefeitura sentar com a gente”, diz Josefa.

De acordo com Josefa há um bom tempo os catadores não recebiam equipamentos de proteção individual por parte da Prefeitura. “A gente não é visto, infelizmente”, diz.

Para ela, a Prefeitura deveria se reunir com os catadores e envolvê-los em um trabalho social, enquanto a coleta está interrompida, visando o futuro, além de informar à população, pois as pessoas ainda telefonam com frequência para saber sobre a coleta.

Ela comenta que ninguém sabe quando a coleta será retomada e diz que nesse período as pessoas perderão o hábito de fazer a separação do material reciclável, o que fará com que, quando for retomando, o trabalho de coleta tenha que recomeçar do zero.

A presidente da Associação defende ainda a importância de um trabalho educativo para conscientizar a população para não descartar as máscaras na rua.

Através de sua assessoria de comunicação, a Prefeitura de Mossoró informou que “A coleta seletiva realizada pelas associações de catadores parceiras da prefeitura foi suspensa devido a pandemia. A medida segue as orientações Associação Brasileira de engenharia sanitária ambiental e do Ministério da Saúde, que tem como objetivo sanar a propagação do coronavírus”.

Com relação à possibilidade de engajar os catadores em alguma ação social e à entrega de EPIs, até o momento do fechamento dessa matéria, a assessoria não deu retorno.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto