Faltou a segunda dose. De quem é a culpa? O Blog do Barreto explica

Falta de planejamento e orientações ignoradas resultaram em falta da segunda dose 

Um assunto que dominou o noticiário no final de semana foi a falta de doses para a segunda aplicação da Coronavac nas das principais cidades do Rio Grande do Norte.

Em Natal o problema já vinha sendo recorrente enquanto que em Mossoró os elogios para agialidade na aplicação das vacinas estavam bombando nas redes sociais. Mas o deslumbre acabou no sábado.

Se em Natal, o prefeito Álvaro Dias (PSDB) acusou a governadora Fátima Bezerra (PT) de esconder vacinas, em Mossoró Allyson Bezerra (SD) pediu socorro. O primeiro precisou assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com chancela dos MPs estadual e federal. O segundo foi socorrido sem maiores problemas, mas as vacinas “voaram” em menos de 24 horas.

A explicação que salta aos olhos é a de que ao autorizar a aplicação das vacinas guardadas para a primeira dose seria uma pegadinha do presidente Jair Bolsonaro que gerou mais uma situação caótica. Mas essa não é a explicação correta e honesta. A falta das vacinas não é culpa do presidente. Pelo menos dessa vez o problema não é com ele.

No dia 31 de março o Ministério da Saúde publicou nota técnica relativa à reunião com os representantes da Sinovac/Butantan e AstraZeneca/Fiocruz que ficou definido que durante o mês de abril seriam distribuídas vacinas exclusivas para a segunda dose.

Diz o documento:

Esclarece-se que, observada a reunião extraordinária triparte de 30/03/2021, onde se teve validado pelos laboratórios presentes (Butantan e Fiocruz) o cronograma de entrega das vacinas Sinovac/Butantan e Astrazeneca/Fiocruz ao MS para o mês de abril e o intervalo entre doses das vacinas: 4 semanas e 12 semanas, respecvamente, inicia-se nesta Pauta a distribuição das doses D2 relava ao esquema vacinal, para connuidade das ações de vacinação e garana do esquema em tempo oportuno, conforme segue (Quadro 1):

Antes, no próprio dia 25 de março, data da nova orientação do Ministério da Saúde, foi editada uma nota técnica em que era informado que as doses enviadas “no momento oportuno” deveriam ser usadas para a segunda dose.

As doses vieram e os prefeitos escolheram aplicar como primeira dose. Quando a bomba estourou jogaram a culpa na governadora Fátima Bezerra (PT) acusando-a de guardar vacinas quando na verdade ela estava cumprindo norma do Ministério da Saúde que determina 5% das vacinas para a reserva técnica.

No dia 2 de abril a Secretaria Estadual de Saúde Pública recomendou a necessidade de se usar as vacinas da segunda dose para a sua finalidade.

Para socorrer as duas principais prefeituras do Rio Grande do Norte as vacinas da reserva técnica foram enviadas caindo para 1%.

Em síntese: a falta das vacinas para a segunda dose se deu por um erro de condução dos prefeitos.

Documentos consultados:

anexo-nono-informe-tecnico

oitavo-informe-tecnico

NOTA_TEC_10_REMESSA

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto