Da horta para a vitrine virtual até a mesa dos consumidores. É assim que famílias da Agrovila Pomar, na Zona Rural de Mossoró fazem com que a produção agrícola familiar chegue às casas dos clientes. A atividade, que já era exercida antes da pandemia do novo coronavírus foi intensificada nesse período e tem conquistado outros consumidores. A internet tem ajudado.
Na página ‘Produtos da Fran’, raízes, tubérculos, hortaliças e frutas entre outros produtos cultivados por cinco famílias.
A agricultora Francileide Lima de Oliveira, que dá nome a página, conta que há cerca de um ano participava da feirinha de orgânicos e começou a fornecer produtos para a produção de merenda escolar de Mossoró. Depois, permaneceu atendendo às escolas, tinha alguns clientes para os quais fazia entrega e saiu da feirinha.
Com a suspensão das aulas, como não tinha fluxo para a produção, foi procurar alternativas junto à Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), que oferece assistência técnica, através dos agrônomos e auxilia na gestão de valores, e a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), outra parceira para a criação da vitrine virtual.
Ela conta que, com a pandemia, as vendas aumentaram, porque muitas pessoas não querem sair de casa.
Das cinco famílias que participam do projeto, cada uma tem uma produção diferente. Enquanto o forte de Francileide são as hortaliças, ovos e polpas, outra família produz batata, macaxeira, entre outros. Assim, eles se organizam, os pedidos são direcionados para um único ponto e eles fazem a gestão para atender os consumidores. Hoje a página disponibiliza até 52 itens, que são adicionados ou retirados segundo a disponibilidade.
“Nossa produção agroecológica feita para a nossa alimentação e o excedente, o que a gente planta mais é feito pra vocês”, conta Francileide, acrescentando que a base da produção é a sustentabilidade.
As entregas são realizadas duas vezes por semana. Para isso, ela conta que usa masca e conta com álcool em gel. Antes de chegar ao endereço de entrega, ela informa aos clientes. Se for uma casa, pede para deixar algum espaço, como a garagem, aberto e com um vasilhame para que ela deposite os produtos e recolha as sacolas. Se for um condomínio, os produtos são entregues na portaria. Na maioria das vezes, o pagamento é feito por transferência eletrônica. “Eu não tenho contato com o cliente”, diz ela.
Um dos produtos incluídos recentemente é o milho desbulhado. Como muitas pessoas moram em apartamento e até querem comprar o milho, mas se preocupam com o trabalho e o descarte da palha, ela procurou a Emater, lançou a ideia de vender o milho desbulhado e a Emater calculou os custos.
“Aqui a gente tira essa palha, faz a desbulha do milho e a palha já serve de alimento para os animais”, explica, acrescentando que essa semana já vendeu bastante.
Antes da internet, outro aliado da produção foi o período chuvoso desse ano. “O inverno está surpreendentemente bom demais”, diz ela. “Deus tem sido muito generoso”, acrescenta.
Já a propaganda, fica por conta dos próprios clientes. Fran conta que não investe em publicidade porque, como é uma produção familiar tem medo de não atender a demanda com a qualidade que deseja.