Não tive como assistir a posse da governadora Fátima Bezerra (PT) para seu segundo mandato porque estava em Brasília e só hoje tive condições de ler e analisar o discurso dela.
E é a partir da leitura que concluo que ela adotou um espírito conciliador em sua fala seguindo a tendência do presidente Lula que horas mais tarde assumiria a Presidência da República pela terceira vez.
Nunca na história potiguar uma governadora enfrentou um cenário tão hostil quanto Fátima Bezerra (PT). A mídia natalense não lhe deu trégua, o negacionismo recebeu apoio contra a petista durante o auge da pandemia e ainda assim ela conseguiu pagar quatro folhas atrasadas da gestão anterior, reorganizou as contas e ainda pode celebrar a redução dos índices de violência no Estado. Houve falhas na saúde e educação que precisam ser sanadas na segunda gestão.
Mas Fátima saiu no lucro em cenário de hostilidade com dois ministros dia sim, dia também espalhando mentiras contra sua gestão sem ser questionado pela maior parte da mídia potiguar. Isso impediu ela de fazer uma chapa mais coesa na reeleição por conta da popularidade claudicante que só melhorou ao longo do processo eleitoral que lhe confirmou a reeleição no primeiro turno com a maior votação da história e uma maioria recorde de 660.461 sobre o segundo colocado, o ex-vice-governador Fábio Dantas (SD).
Agora Fátima não tem um presidente que a trata como inimiga no Palácio do Planalto. Mais que isso! Tem um amigo de mais 40 anos de convivência política. A governadora não terá mais desculpas, caso falhe. O cenário não é mais adverso.
Confira o trecho:
Fico muito feliz em tomar posse como governadora no mesmo dia em que Lula será empossado presidente. Isso nos dá confiança de fazer um governo muito melhor que o primeiro. Muito trabalhamos nos últimos quatro anos, mas fatores históricos, hostilidade política e prioridades inadiáveis fizeram com que nosso esforço não fosse inteiramente premiado. A eleição do presidente Lula e sua posse, hoje, no mais alto posto da República, é um grande motor de esperança para o povo brasileiro e um alento ainda maior para o povo do Rio Grande do Norte que pela primeira vez na história passará pela experiencia de ter um governo democrático e popular a frente do Estado e da nação. Honraremos essa oportunidade.
Em seguida ela deixou bem claro o espírito conciliador com os algozes do primeiro mandato.
“É preciso seguir zelando pela democracia cientes de que o contrário dela é o horror, o arbítrio e a barbárie. Celebro, junto a vocês, a escolha que o povo fez nas urnas e vou governar para todos os potiguares, independente de divergências políticas e livre de ódio ou ressentimentos. Não farei aquilo de que fomos vítimas no primeiro mandato: tratar adversário como inimigo”, frisou.
Fátima ainda mandou um recado de que seguirá respeitando as críticas e buscando dialogar. “Não espero de vocês tapinhas nas costas nem consensos integrais, mas sim um caminhar juntos na busca de convergências, com respeito e retidão, em nome da nossa causa comum que é o Rio Grande do Norte”, garantiu.
Fátima seguirá apostando na conciliação.
