Fátima usa estratégia que deve reproduzir crises com o parlamento ainda que vença batalha do ICMS

Fátima ao escolher o caminho do confronto pode gerar ressentimos no futuro (Foto: Carmem Felix)

A governadora Fátima Bezerra (PT) não tem aparecido em meio a crise institucional com o legislativo provocada pelo embate pela aprovação da manutenção da alíquota modal de 20% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

A origem da crise não é culpa dela.

É fruto das medidas eleitoreiras do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que bagunçaram o pacto federativo e feriram de morte o ICMS aqui no Rio Grande do Norte.

Qualquer pessoa medianamente bem-informada vai saber que alíquota modal de 20% e as recomposição das perdas feitas pelo Governo Federal foram insuficientes diante do rombo de R$ 1 bilhão entre julho de 2022 e outubro deste ano.

Mas a governadora peca em não fazer o dever de casa que o governante necessita para administrar no presidencialismo de coalizão.

Ela não divide poder.

Exerce um presidencialismo sem coalizão em que centraliza tudo em torno dela, o que afasta deputados que só são procurados quando o governo precisa. Fátima nunca chegou perto da maioria constitucional de 16 deputados no primeiro mandato, enfrentou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sem sentido e segue sem fazer o dever de casa.

Os deputados dão canseira na governadora que preferiu o enfrentamento.

Primeiro mobilizando alguns prefeitos que temem perdas de receitas em 2024, ano eleitoral em que muitos tentam a reeleição. Não colou, o projeto segue sem condições de passar no plenário. Agora a estratégia é chamar os servidores para a luta com o anúncio da suspensão das negociações para o reajuste e tratativas com o Ministério Público de Contas para o concurso público.

Com queda de receitas não dá para fazer nem uma coisa nem outra. Esse é o argumento.

Esse tipo de pressão em cima dos deputados pode surtir efeito, pode ter um efeito bumerangue contra a governadora com os sindicatos se sentido usados.

Mas em dando tudo certo para Fátima ela pode vencer a batalha agora, mas mais a frente pode encarar uma sucessão de crises com um parlamento ressentido pelo desgaste.

É hora de a governadora rever o método de relacionamento com os deputados para não enfrentar novas dificuldades lá na frente.

Comments

comments

Reportagem especial

Canal Bruno Barreto