Governo Bolsonaro acabou, só falta encontrar o coveiro

“Casamento político” entre Bolsonaro e Moro acabou (Foto: Adriano Machado/Reuters)

Por Maria Cristina Fernandes

O governo Bolsonaro acabou. Resta saber agora quem será o coveiro. O ministro da Justiça, Sergio Moro, não fez um pronunciamento, mas uma delação premiada. Em tempos de normalidade, valeria uma Comissao Parlamentar de Inquérito. Hoje pode custar o mandato do presidente.

Jair Bolsonaro se elegeu com base no combate à corrupção e à criminalidade. O ministro foi capaz de entregar a redução dos homicídios mas esbarrou no muro bolsonarista para combater a corrupção, como – fez questão de frisar três vezes ao longo do discurso – não havia acontecido no governo petista enquanto se desenrolou a operação Lava-Jato.

A única saída  para o presidente da República seria ter um libelo acusatório semelhante contra o ministro da Justiça, mas Moro tratou de se vacinar contra a possibilidade confessando ter negociado uma pensão antecipada para a família por ter aberto mão de 22 anos de magistratura. O pecado maior, as manobras realizadas durante a operação Lava-Jato, não têm como ser utilizadas pelo presidente da República visto que foram a grande muleta para sua eleição.

Um influente general da reserva avalia que o presidente cometeu aquele que vai entrar como um dos grandes erros da história. Não se deve esperar que as Forças Armadas impeçam seu enterro, se seguidos os trâmites constitucionais. Moro saiu do cargo colocando-se à disposição do país, um claro aceno para a sucessão presidencial. Mas seu pronunciamento foi uma demonstração de que 2022 agora ficou muito longe para Jair Bolsonaro. Talvez longe demais para ser alcançado.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto