Por Amaro Sales de Araújo*
Apesar do Estado, a indústria nacional industrializou o Brasil. Sobreviveu, cresceu, e ajudou a transformar o país numa potência econômica no cenário internacional. Impossível se pensar no Brasil atual, sem reconhecer, em todas as áreas este legado.
Os industriais nacionais resistiram a inúmeros planos econômicos desastrosos; a inflações estratosféricas; ao cerco das licenças ambientais; medidas regulatórias e fiscalizações draconianas; ao chamado “Custo Brasil”; à burocracia (chegamos ao ponto de ter um “Ministério da Desburocratização”!), e ajudaram a inscrever o país como oitava economia do mundo. Infelizmente, muitos ficaram pelo caminho.
No entanto, apesar do generalizado ambiente hostil aos negócios, o setor empresarial nacional tem avançado. Os números mostram a pujança e importância deste segmento para a economia. A indústria, como um todo, representa 18,5% do PIB (1,2 trilhão de Reais); responde por 51,3% da receita de exportação (111,7 bilhões de dólares); por 68% da pesquisa e desenvolvimento do setor privado e por 32% dos tributos federais (exceto receitas previdenciárias).
Para cada R$ 1,00 produzido na indústria, são gerados R$ 2,32 na economia como um todo. Nos demais setores, o valor gerado é menor: R$ 1,67 na agricultura e R$ 1,51 nos comércio e serviços. A indústria contribui com R$ 1,2 trilhão para a economia brasileira; emprega 9,4 milhões de trabalhadores; e é de 20% sua participação formal no país.
Nesse contexto, chama atenção a força, coragem e criatividade do microempreendedor. O país conta hoje com 11.835.084 empresas ativas. Desse total, 99% são Micro e Pequenas Empresas (MPEs) e MEIs. As MPEs respondem por 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado (19 milhões).
Este ano, apesar da crise, o número de empresas optantes pelo Simples chegou a 11,4 milhões, sendo 6,6 milhões de MEI e 4,8 milhões de ME e EPP. Segundo dados do Sebrae este ano, as Micro e Pequenas Empresas (MPE) criaram 330 mil postos no período de 2017.
Somente o desconhecimento desses números pode levar alguém a diminuir a importância desse segmento para o país e menosprezar a epopéia em que se transformou ser empresário no Brasil.
Costuma-se dizer, com razão, que “O Brasil não é para amadores”. Os empresários que o digam! Esses anônimos “heróis da resistência” tem resistido como podem e jamais se negaram a dar sua contribuição para desenvolver o país.
Não defendemos privilégios para este ou aquele setor específico, mas regras claras e ambiente de negócio favorável. Defendemos, sim, a Democracia liberal e a livre iniciativa, aliás, cláusulas previstas na nossa Constituição, e imprescindíveis ao Capitalismo sustentável e com responsabilidade social.
O setor industrial é um grande termômetro da nossa economia. Se ele vai mal, a economia sofre, se ele vai muito bem, a economia avança. Não existe mágica para o país retomar o rumo do crescimento. As “invenções da roda” tentadas tantas vezes na economia todos sabemos como acabaram.
Todos os países têm política industrial. Têm uma estratégia para fortalecer seu setor industrial. É só observar como os governos dos Estados Unidos e da China cuidam dos seus respectivos setores industriais. O Brasil também deve tê-la, sempre que possível de forma horizontal, e, claro, podem existir mecanismos, que podem constantemente ser avaliados e ajustados.
Nesse momento de transição governamental, é necessário bom senso, humildade e diálogo para juntos construirmos o Brasil que todos queremos. Independente de quem seja o presidente ou os ministros, temos que produzir, gerar emprego e renda para manter a máquina pública funcionando.
Juntos e voltados para os mesmos objetivos, podemos fazer um país melhor para todos; desunidos e sem rumo não chegaremos a lugar nenhum.
* É presidente da FIERN (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte) e do COMPEM/CNI (Conselho da Micro e Pequena Empresa)