Liberdade de pensamento não pode funcionar como a defesa de privilégio

Por Daniel Menezes*

O Potiguar

Algumas coisas vêm para o bem, de repente. Hoje é proibido gravar professor em sala. Um avanço inegável.

Porém, lá atrás, os alunos gravaram um docente, que já tinha avisado diversas vezes a uma aluna para não trazer uma criança para sala de aula, um espaço impróprio para ela e não permitido pelo regimento da instituição. Não expuseram toda a sua fala e muito menos narraram eventos, mas só o trecho que criava reação emotiva. Depois, inclusive junto com quem deveria agir como agente moderador, organizaram um protesto na porta da sala do mesmo professor aos gritos de “fascista”, gravaram novamente e jogaram na imprensa e nas redes sociais.

Uma razão por trás daquilo era porque o docente é crítico da esquerda hegemônica. Outras diziam respeito às disputas políticas internas em que os alunos foram utilizados como ponta de lança.

Tem gente hoje defendendo liberdade de cátedra. Mas enganam a outros. Não a mim, pois conviveram muito bem com situações como a explicitada.

Não existe meio termo em matéria de liberdade de pensamento. Acho o Olavo de Carvalho qualquer coisa. Sequer falo sobre ele, para nem gerar cartaz. Mas defendi que a UFRN protegesse o direito de discentes assistirem ao seu documentário por isso.

Se liberdade de pensamento só vale para algumas ocasiões e para aquilo que a gente concorda, então não passa da mera defesa de privilégio.

 

*É graduado, mestre e doutor em ciências sociais. Também é diretor do Instituto Seta

 

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