Matéria do JN frustra perspectivas do RN ser um dos primeiros Estados a sair da pandemia

O Blog do Barreto divulgou ontem (17) o entusiasmo do professor Ricardo Valentim, coordenador do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (Lais) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que afirmou em entrevista ao Bom dia RN, da IntertvCabugi, que o RN pode ser um dos primeiros estados da federação a declarar o fim da pandemia (VEJA AQUI).

As declarações de Ricardo geraram burburinho nas redes sociais, uma vez que até poucos dias atrás faltavam leitos para pacientes de Covid-19 no Estado.

Na noite de ontem (17) o Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão apresentou reportagem que parece ter frustrado as expectativas do professor e de todos que se entusiasmaram com suas assertivas.  O jornal divulgou os números do novo Boletim Epidemiológico da Fundação Fiocruz. Os dados apresentados indicam que as taxas de transmissão pelo Coronavírus seguem preocupantes em todas as regiões do país e o RN aparece como um dos estados com taxas de transmissibilidade mais altas, contrariando as afirmações do professor Ricardo. Veja abaixo a reportagem completa exibida no JN de ontem

A Fiocruz identifica, em estados como o RN, a chamada “transmissão comunitária”, ou seja, quando a origem do contágio não pode ser identificada e é motivada por uma circulação intensa do vírus na região, com registro de muitos casos de contaminação ao mesmo tempo. A Fundação destaca que quando a “transmissão comunitária” está com taxas elevadas, sobem também as internações e os óbitos.

De acordo com a Fiocruz, hoje apenas o Piauí e o Espírito Santo possuem áreas com taxas de contaminação muito pequenas. Os estados de Amazonas, Roraima e Espírito Santo tem regiões com taxas de transmissão razoáveis, ainda assim preocupantes. A reportagem do JN destacou que a situação, em boa parte do Brasil, segue similar aos momentos mais críticos da pandemia, vividos em 2020.

Professor da UFRN explica a “transmissão comunitária” e porque a situação do RN ainda é tão preocupante

 O Blog do Barreto conversou com exclusividade com o professor José Dias do Nascimento, astrofísico do Departamento de Física Teórica e Experimental (DFTE) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) que comentou o boletim epidemiológico lançado pela Fundação Fiocruz e porque seu resultado é tão desanimador para quem esperava que o RN se livrasse da pandemia em breve

O pesquisador explicou que novo boletim da Fiocruz comprova que a transmissão comunitária da Covid-19 é extremamente alta em quase todos os estados, inclusive no RN. Um sinal claro de que a pandemia continua crítica no Brasil. Ele lembrou que a análise foi feita no período de 6 a 12 de junho e nenhum horizonte de final para a pandemia pode ser desenhado com base científica.

Estados em vermelho possuem taxa de transmissão comunitária extremamente alta (Imagem- Jornal Nacional)

“Segundo os dados divulgados pela Fiocruz na noite de ontem, temos uma transmissão comunitária crescente. E esse tipo de transmissão se caracteriza pela impossibilidade de rastreamento, você não sabe a origem ou de onde começou o surto de Covid-19 naquela localidade. Isso aponta que o vírus continua circulando de forma intensa entre as pessoas, inclusive aqui no RN”.

José Dias destaca que Natal, no Rio Grande do Norte, João Pessoa, na Paraíba e Fortaleza, Ceará, compõe uma área de transmissão gigantesca do coronavírus e ressalta que comparando o RN a outros estados, em diferentes regiões do Brasil, é impossível determinar quem irá decretar primeiro o fim da pandemia e nem quando isso irá acontecer. Ele reforçou a importância das medidas de distanciamento social e da base científica como orientação para as decisões governamentais.

“É necessário falar que existe um caos generalizado na sociedade brasileira causado pela falta de medidas concretas para combater a Covid-19. Então afirmar que seremos pioneiros no fim da pandemia causa apenas uma visão distorcida da realidade. Não é a primeira vez que tenta se criar um clima de que estamos em uma situação estabilizada da doença e em todas as outras oportunidades em que isso foi feito tivemos uma onda gigantesca de contaminação e óbitos no Estado”, afirmou o pesquisador.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto