O que a oposição sempre pede? Que o gestor corte gastos, diminua a quantidade de secretarias, demita comissionados e torne a máquina mais eficiente. A tradição no Brasil mostra os governos fazendo exatamente o contrário. A máquina pública só aumenta.
Em meio a uma desaprovação recorde, uma gestão marcada por atrasos de pagamento e com a folha de pagamento em situação crítica, o prefeito Francisco José Junior (PSD) não teve outra alternativa: passou a tesoura na Prefeitura de Mossoró.
De uma vez só acabou com todas as secretarias adjuntas, reduziu quase metade das secretarias e o saldo disso é a redução de 30% dos gastos com a folha de comissionado. Nas contas do munícipio será uma economia anual de R$ 1,7 milhão. Por coincidência esse é o valor mensal da folha de comissionados. É como se tivesse cortado um mês a menos do ano. Parece complicado de entender, coisas da economia.
Os cortes não param por aí. Tenho informações que alugueis de imóveis, carros e outros gastos excessivos serão encerrados.
Mas as medidas tomadas pelo prefeito têm um custo político altíssimo. Já deu para sentir isso na solenidade do anúncio. Dos 16 vereadores, 12 estiveram presentes na reunião ocorrida minutos antes. Destes apenas os vereadores Ricardo de Dodoca (PTB) e Manoel Bezerra (DEM) ficaram para assistir a coletiva. Sinal que a bancada governista não gostou de saber que perderá privilégios. Ponto negativo? Na minha opinião isso foi bom para o prefeito. Os parlamentares mostraram que ficaram chateados com as medidas. Vão perder benesses.
A bancada inteira presente seria sinal de dúvida: das duas uma: ou teriam tido os privilégios mantidos ou estariam mostrando espírito público. A primeira hipótese, logicamente, seria bem mais provável. A ausência só nos dá uma certeza: privilégios foram cortados.
Pena que essas medidas chegaram tarde demais. O prefeito deveria tê-las adotado há um ano quando ainda gozava de popularidade e gordura política para queimar. No final de 2014 a sensação de crise era grande tanto que o próprio Francisco José Junior assinou um decreto suspendendo obras e licitações logo no começo de 2015. Deveria ter pegado o embalo e ter feito os três cortes realizados nos últimos meses. Talvez isso tivesse livrado ele de tantos problemas.
O importante é que esses cortes foram feitos. Se tudo que está sendo prometido e dito se concretizar o prefeito pode não salvar a imagem dele e conquistar o status de competitivo para a reeleição, mas ao menos entregará uma Prefeitura saneada. Só por essa possibilidade vale a pena dar um voto de confiança. Não custa nada acreditar.