Por Isolda Dantas*
Semana passada demos início a nossa série de artigos “Mossoró para as pessoas” com base no resultado de discussões levantadas nos seminários Mossoró que o povo quer (que estamos realizando desde o início do ano debatendo problemáticas e soluções para Mossoró). Tratamos da mobilidade pública no domingo que passou, e neste, trazemos dois temas super importantes para Mossoró: cultura e turismo.
Primeiro partimos da ideia de que cultura e turismo não são necessariamente temas inerentes um ao outro. Ambos existem, e por si só, são importantes para a identidade do nosso povo e oportunidade geração de emprego renda para as pessoas fazendo a economia girar na nossa cidade.
Conversando com Rutilo Coelho, presidente da Mossoró Convention Visitors Bureau, ele nos alerta para uma questão interessante de que uma cidade de quase 300 mil habitantes com tantos recursos históricos, culturais e naturais tem um potencial turístico subutilizado. Ou seja, a nossa cidade guarda riquezas e potencialidades que podem se transformar em renda e oportunidade para as pessoas mas não há uma vontade política para desenvolver os potenciais turísticos da cidade, embora saibamos que há recurso destinado para se aplicar no setor.
Feiras de negócio, de ciência, festivais de cultura, passeios turísticos… Quem aí conhece a Furna feia? E as salinas? Mossoró tem uma localização que dá acesso a diversos lugares bonitos, ricos de história.
Mossoró tem sido uma cidade contada por uma versão só. Mas são muitos os olhares sobre Mossoró. A história e a cultura do nosso povo são muito maiores do que o que está posto nos grandes eventos e o que circula no corredor cultural. Há aspectos importantes e necessários que precisamos observar e que, infelizmente, ficam escondidos e não se considera que nosso povo produz cultura todos os dias, o ano todo.
A cultura existe e resiste nos bairros, nos grupos de teatro, nos circos, no audiovisual, nas artes plásticas, nos cordelistas. E todas as expressões nos contam muitas outras as histórias sob os mais diversos panoramas da Mossoró. Todos nós temos um ponto de vista, ou seja, um olhar específico da cidade que amamos. E este olhar precisa ser compartilhado. É disso que estamos falando: oferecer a oportunidade de apresentar novos olhares de Mossoró. A promoção da democratização da cultura é o fortalecimento da identidade da nossa gente.
A cultura é tão diversa, múltipla! As gestões públicas precisam estar atentas às diversas manifestações culturais que povoam a cidade. Inclusive Ninho (como gosta de ser chamado), do Limas Circus, nos faz um grande apelo para que o circo não seja tão marginalizado. Já pensou um espaço próprio na cidade para receber os circos?
É preciso fomentar os elementos culturais, o público e os fazedores de cultura da nossa cidade. Sim, a cultura se amplia quando olhamos para os nossos costumes, quando preservamos valores do mossoroense, quando fomentamos expressões artísticas e valorizamos o talento de cada uma e cada um. Cabe ao poder público estimular todos estes elementos em toda a cidade, da artesã aos grandes espetáculos, do ator aos grupos de dança, das artes plásticas ao universo literário, da nossa culinária à nossa memória.
É preciso conclamar toda a cidade: chamar os artistas – com base no que disse nosso querido Crispiniano, da Fundação José Augusto, que a cultura não é feita para os artistas mas são os artistas que produzem e são centrais para o que de fato é cultura da nossa cidade – construir um plano de cultura buscando descentralizar e democratizar o acesso e o fazer cultural na zona urbana e rural. Lembrando também da importância unir cultura e educação como bem colocou Felipe Caetano, professor aposentado e grande entusiasta da cultura mossoroense.
Além disso, chamar as universidades, para desenvolvemos planos que conectam a cultura e o turismo em favor da nossa Mossoró. E em diálogo com o setor hoteleiro, gastronômico, turístico, econômico, cultural, de transporte, de eventos e ambulantes, havendo incentivo, é possível que Mossoró tenha um calendário turístico bem estruturado em torno de uma economia criativa que gere emprego, renda e desenvolvimento econômico para nossa cidade.
Por fim, não menos importante, reunir todos aqueles e aquelas dispostos a apresentar os variados olhares de um povo pronto para trabalhar e ser feliz. Uma Mossoró de toda gente precisa ser assim: de identidade fortalecida e de oportunidades para melhorar a vida de todas as pessoas.
*É deputada estadual e pré-candidata a prefeita de Mossoró
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