
O Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público estadual (MPRN) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) se reuniram, na última segunda-feira (31), com a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra; o prefeito de Natal, Álvaro Dias; prefeitos de todas as regiões do estado; gestores de saúde e representantes do Legislativo para discutir medidas de combate ao avanço da pandemia de covid-19.
Os MP’s reforçaram que o atual quadro epidemiológico exige a ampliação de medidas sanitárias não-farmacológicas, como o uso de máscaras em todos os espaços públicos, a coibição de aglomerações e total distanciamento social, em todas as regiões do estado para conter a transmissão do vírus.
A Promotora de Justiça Iara Pinheiro, que participo da reunião, destacou a preocupação dos Ministérios Públicos com a situação sanitária no RN. De acordo com ela, o acompanhamento dos dados sobre a doença mostra que os indicadores vêm piorando dia a dia e as últimas três semanas deixaram os órgãos em total alerta.
“Nossa fala de alerta é baseada na última recomendação do comitê científico do estado, mas também em outras análises de projeção da pandemia para o país, como o Observatório Covid da FIOCRUZ. A capacidade de expansão de leitos públicos praticamente esgotou-se. Pedimos mais restrições em todo o território estadual, porque os dados apontam que todo o estado está em situação grave em relação ao número de casos ativos e demanda alta por leitos de UTI Covid”, explicou.
Prefeitos e Governadora se comprometem com endurecimento das medidas sanitárias
O prefeito da capital, Álvaro Dias, se comprometeu a reunir o comitê científico municipal para analisar quais novas medidas poderão ser adotadas. Em Parnamirim, o prefeito Rosano Taveira já definiu que o próximo decreto não permitirá aglomerações de até 100 pessoas, como o atual. O MP irá monitorar a realização da reunião em Natal e a adequação das restrições.
Os gestores municipais relataram as dificuldades financeiras enfrentadas durante a pandemia, com encolhimento da arrecadação e grande aumento nos gastos de saúde pública. Eles também elogiaram a sistemática atual de adoção de decretos regionalizados, que deve ser mantida e expandida de forma coordenada em todo o território potiguar. Atualmente as regiões do Alto Oeste, Vale do Assú e Seridó estão com medidas mais restritivas.
A governadora Fátima Bezerra defendeu que não deve haver dicotomia entre saúde e economia. “Não podemos descuidar dos aspectos sanitários que envolvem uma pandemia dessa magnitude”.
A chefe do Executivo Estadual também pediu apoio aos prefeitos para cobrar do Governo Federal aporte adicional de recursos – solicitado por todos os estados – para ajudar no enfrentamento à covid-19 e a aquisição de mais vacinas.
Quase 94% dos leitos para pacientes em estado crítico no RN estão ocupados
Mais de 700 pessoas estão internadas com covid no RN. Mais de 73 pessoas em estado de saúde considerado crítico estão na fila de espera por leitos de UTI. Em toda a pandemia, já morreram 840 pessoas na fila, sendo 102 neste mês de maio (número que ainda pode aumentar). Maio apresentou um dos maiores número de casos registrados de toda a pandemia no RN, 25229 mil ao todo. Foram 506 mortes ao longo do mês, média de 16,32 por dia.
De acordo com dados do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (Lais), o Rio Grande do Norte possui apenas 11 leitos disponíveis dos 418 que possui para pacientes do COVID-19 em estado crítico. Uma ocupação equivalente a mais de 94% do número total. No que se refere aos leitos para pacientes que não se encontram em estado crítico a ocupação chega a quase 70%.
Ainda de acordo com o LAIS, a região com maior ocupação dos leitos críticos é o Seridó, com 100% dos leitos ocupados. A região metropolitana do Natal tem 96.9% dos leitos ocupados e o Oeste potiguar 97,2%.
Com informações do Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte