Na crise do aditivo, Allyson escolhe o “mal menor” para se sair da enrascada política

Pela primeira vez Allyson perde o controle da narrativa (Foto: autor não identificado)

O prefeito anunciou na semana do Pingo da Mei Dia que o Corredor Cultural estava com a reforma concluída e inaugurou os equipamentos dentre eles o Memorial da Resistência.

Mas existia um aditivo no meio do caminho.

E não era qualquer aditivo nem para qualquer empresa. Era um aditivo equivalente a 44,36% do valor total da obra e a empresa beneficiada era do sogro e cunhados do presidente da Câmara Municipal Lawrence Amorim (SD), candidato a deputado federal do prefeito Allyson Bezerra (SD).

A oposição caiu em cima do assunto. Afinal de contas aditivo assinado e publicado após a inauguração da obra não é algo normal na administração pública.

O prefeito esnobou a história publicamente dizendo que era mera burocracia, mas nos bastidores o sinal de alerta estava ligado. A estratégia escolhida foi a de redução de danos.

Se pega mal o secretário de infraestrutura Rodrigo Lima não ir a Câmara Municipal prestar esclarecimentos então que ele fosse no dia e hora que o prefeito escolheu. No caso ele “antecipou” a ida ao plenário no meio da sessão da quarta-feira.

Aos mais ingênuos isso pareceu um gesto de transparência, mas foi jogada política. Rodrigo era para ir a Comissão de Obras, Uso e Ocupação do Solo na quinta-feira quando responderia a perguntas a vereadores munidos de mais informações. Ir na quarta-feira, pegando a oposição desprevenida, foi uma estratégia para justificar a ausência na reunião de “vera”. O secretário fez um pronunciamento técnico na quarta e foi beneficiado pela decisão da oposição de fazer as perguntas somente na quinta. A jogada deu certo parcialmente para Allyson que ficou respaldado para fazer seu auxiliar dar um “bolo” na Câmara Municipal.

Assim o prefeito fugiu do debate fingindo que prestou esclarecimentos.

A vitória parcial é porque foi perceptível o movimento político para abafar o caso fingindo transparência.

Outro ajuste da gestão foi em relação a inauguração da obra. De uma hora para outro tivemos a admissão velada de que o prefeito inaugurou uma obra inacabada. Em meio a isso apareceu no Jornal Oficial de Mossoró (JOM) uma prorrogação da reforma do Memorial da Resistência datada do dia 23 de junho, mas só publicada no dia 5 de julho com a crise em curso. Foram seis edições do JOM entre a data da assinatura e a sua publicação. Pareceu uma tentativa de “legalizar” o aditivo depois que o assunto veio à tona.

O prefeito jogou por terra o discurso de que não inaugura obras inacabadas. Assumir isso é melhor do que dar margem para encarar um processo por improbidade administrativa insistindo de que estava tudo normal diante de uma ilegalidade.

Com aprovação de 84%, Allyson escolheu o mal menor: gastar um pouco do capital político para se blindar de problemas jurídicos. Do ponto de vista político vale a pena por se tratar de um assunto técnico e pelo volume da popularidade.

O caso do aditivo chegará ao Ministério Público. Se não virar processo o prefeito estará no lucro.

No entanto, o prefeito pela primeira vez desde que tomou posse perdeu o controle da narrativa em um fato polêmico.

 

 

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto