Natália prioriza coerência ao rejeitar Álvaro. O radical da história é o prefeito do Natal

Natália Bonavides escolheu a coerência (foto: reprodução)

A política potiguar foi agitada esta semana com os movimentos no xadrez político em Natal com o prefeito Álvaro Dias (Republicanos) sinalizando que poderia apoiar a deputada federal Natália Bonavides (PT) e elogiando o presidente Lula da Silva (PT), inclusive anunciando que está na base dele a partir de agora.

Já analisamos os interesses por trás da fala de Álvaro (leia AQUI) e agora vamos focar na reação da deputada Natália e dos vereadores petistas Brisa Brachi e Daniel Valença que rejeitaram a possibilidade de aliança.

Não há radicalismo.

Precisamos na análise política separar a linha entre o radicalismo e a coerência. É saudável que o prefeito busque uma parceria institucional com Lula e a governadora Fátima Bezerra (PT), inclusive ele defende a manutenção do ICMS de 20% (assunto que será objeto de uma outra matéria ainda hoje).

A manifestação de Natália não pode ser classificada como radical. O radical da história é o prefeito do Natal, que agora só procura aproximação com o PT por puro oportunismo.

Durante a pandemia Álvaro fez de tudo para atrapalhar as medidas para conter o alastramento da covid-19 com decretos sem qualquer sustentação jurídica. O prefeito fez uma aposta insana na ivermectina, um remédio para vermes, que biologicamente não tem como curar de uma doença viral. Ele inclusive chegou a passar por situações constrangedoras como na entrevista à Intertv Cabugi em que afirmou que se o medicamento funciona in vitro funciona em pessoas vivas (veja vídeo abaixo).

O resultado foi que Natal chegou a ter uma média superior de mortes por covid que o Brasil e o restante do Rio Grande do Norte (confira AQUI) no auge da pregação sobre a eficácia mentirosa sobre o remédio de verme.

Some-se a isso que na eleição do ano passado, Álvaro Dias foi coordenador de campanha do então presidente Jair Bolsonaro (PL) e chegou se reunir com empresários para fazer assédio eleitoral sobre funcionários na eleição do ano passado. O caso foi denunciado por Natália Bonavides, pelo então senador Jean Paul Prates (PT) e pelo vereador Robério Paulino (PSOL) e está sob investigação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Ministério Público Eleitoral (MPE) – leia AQUI.

Como diante de tudo isso, Natália deveria olhar para o eleitor e dizer: “ah, eu topo conversar com o prefeito”. Ainda mais sabendo que o eleitorado dela é formado em grande parte por professores da rede municipal de ensino que estão desde 2019 penando para receber os reajustes do piso nacional da categoria e esse ano tiveram que se contentar com menos da metade do valor previsto?

Como Natália iria abrir os braços para Álvaro após anos denunciando a bagunça do transporte público na gestão dele? E o que dizer sobre as ações que ele move contra obras duvidosas a da Trincheira do cruzamento das Avenidas Hermes da Fonseca e Alexandrino de Alencar?

Natália apenas foi coerente ao dizer que considera a gestão de Álvaro um atraso para Natal pela quantidade de problemas que a cidade enfrenta e que quer fazer o oposto do que o prefeito faz.

Se o custo disso for perder a eleição o tempo dirá.

 

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto