Até a tarde da quinta-feira passada, 18, Mossoró registrou um acumulado de chuvas de 1.126 mm. Em mais de um século de dados registrados sobre chuvas, apenas em 20 anos, a cidade ultrapassou os 1.000 mm. “Nesses 120 anos de dados somente em 20 choveu mais de 1.000 mm em Mossoró, esse ano é um”, comenta o meteorologista e professor da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), José Espínola.
Esses 1.126 milímetros foram distribuídos em 106 dias ao longo do primeiro semestre de 2020. O meteorologista comenta que desde 2000 apenas em quatro anos – 2002, 2004, 2009 e 2020 – choveu mais de 1.000 mm.
A média anual, segundo José Espínola, é 653 mm. Ele lembra que as previsões iniciais já indicavam que o volume de chuvas ficaria acima da média, mas em Mossoró choveu 77% a mais.
Em nove dias do mês de janeiro choveu 32 mm, a média para o período é 67 mm; em fevereiro foram 308 mm em 16 dias, a média é 95 mm; no mês de março choveu 225 mm em 24 dias, a média é de 163 mm para o mês; em 24 dias de chuva em abril o volume de chuvas foi de 263 mm, a média é 168 mm; no mês de maio foram 96 mm em 22 dias de chuva, a média é de 93 mm; e até o dia 18 de junho o volume registrado em onze dias do mês foi 102 mm, a média é 49 mm.
O meteorologista explica que, teoricamente, nosso período chuvoso se concentra em quatro meses – fevereiro, março, abril e maio – sendo março e abril os meses em que chove mais. Esse ano foi exceção, pois fevereiro registrou a maior média, isso porque, em um só dia choveu o equivalente a 105 mm. Porém, de acordo com José Espínola, quando o ano é bom de chuvas assim, elas podem cair até o mês de agosto.
As chuvas que caem sobre a região agora, no entanto, dependem das condições chuvosas de Natal. De acordo com o meteorologista, a Zona de Convergência Intertropical, que é o que provoca a maior parte das chuvas em Mossoró, já se afastou e não está mais inclinada para esta região. São as ondas de Leste que estão trazendo as chuvas para a região agora.
As chuvas, como menciona Espínola, diminuíram, mas ainda podem cair. Porém, não serão mais chuvas de 100 mm, que agora se concentram na região Leste. “Agora o período chuvoso é lá. Não é mais o nosso, mas a gente agradece”, diz o meteorologista.
“Agradece entre aspas”, acrescenta. Isso porque, quem planta não costuma gostar de chuvas nesse período, pois já é época de colheita e deixa a produção encharcada, fazendo com os produtos estraguem. Além disso, favorece o aparecimento de lagartas, como explica o meteorologista.
Reservatórios
A intensidade das precipitações pluviométricas favoreceu o aumento do volume em reservatórios do Estado. O meteorologista José Espínola informa que, segundo leitura realizada na quinta-feira passada, 18, a Barragem Armando Ribeiro Gonçalves está com 65,5% da sua capacidade total, que é de 2,4 bilhões de m³.
A Barragem de Umari, em Upanema está, praticamente, sangrando.
A Barragem de Santa Cruz, em Apodi, estava com 35,8% de sua capacidade, segundo o meteorologista, a capacidade máxima do reservatório é duas vezes a de Upanema.
O meteorologista comenta que a situação dos reservatórios é muito boa.
“De uma maneira geral, foi excelente o período chuvoso desse ano”, comenta José Espínola, acrescentando que, para a agricultura o período também foi bom, porque as chuvas foram bem distribuídas.