Na terça-feira fez seis anos que a então senadora Fátima Bezerra e outras colegas ocuparam a mesa diretora do Senado para tentar impedir a votação da reforma trabalhista.
O protesto visava forçar um acordo para retirar o trecho que permite que mulheres grávidas e lactantes trabalharem em lugares insalubres.
Infelizmente elas não conseguiram.
Na época, Fátima foi duramente criticada pela imprensa potiguar por ter “radicalizado” em defesa de uma causa justa e garfado um pedaço de carne numa quentinha sentada na cadeira de presidente do Senado.
Existia ali, claro, uma pontinha de preconceito com a origem social da hoje governadora do Rio Grande do Norte. Pouco importava se era ou não justo lutar contra uma reforma que tirava direitos dos trabalhadores e proteger mulheres grávidas que passaram a ser obrigadas a trabalhar em condições insalubres.
Seis anos depois, foi a vez de outro senador protagonizar um momento icônico. O personagem é Rogério Marinho, ironicamente o relator da reforma que Fátima lutou contra. O líder da oposição chorou pelos golpistas de 8 de janeiro, numa cena patética.
As causas são inversamente opostas. Fátima se sentou na cadeira de presidente do Senado para impedir que mães trabalhadoras trabalhassem em condições insalubres. Rogério chorou por arruaceiros que tentaram derrubar a democracia.
Dá para comparar?
Mas os que criticaram Fátima há seis anos, ficaram em silêncio com o gesto de desapreço pela democracia feito por Rogério porque sequer disfarçam o desprezo pelos trabalhadores e a simpatia com o golpismo fracassado.
No debate público potiguar há quem aplauda o golpismo e condene a defesa da classe trabalhadora. Daí os tratamentos inversamente proporcionais.
