O egoísmo une os covardes

Por Fabrício Carpinejar

Algo que absorvi desde cedo: esteja ao lado do mais fraco. Esteja ao lado do mais vulnerável. Esteja ao lado de quem não vem sendo entendido.

O único jeito de ganhar alguém para sempre é não deixá-lo perdendo sozinho.

Amizade é resgate, é socorro, é trazer alguém de volta dos seus pensamentos mórbidos. É quando a paciência combate o preconceito, é quando o ouvido estende a mão imaginária contra a desistência e o desespero.

É se aproximar e dizer: “eu sei o que você vem sofrendo, conte comigo”.  Só se tira alguém do sofrimento dando atenção, respeitando as suas palavras.

Não seguir o rebanho indica personalidade: aguentar ser diferente no momento em que todos se copiam.

Juntar-se a quem tem poder e fama, por sua vez, é interesse, oportunismo, afinidades do autoritarismo. Busca-se o privilégio da imunidade. Você não quer se sentir ameaçado e agride em grupo para não estar no lugar de quem é debochado.

É a pior escolha da vida. Não obedece à voz da consciência por aquilo que é mais cômodo. Foge de se expor, foge da luta, foge de  defender o que é justo e certo. Para não sofrer represálias, para também não ser boicotado, para não ser encaminhado ao paredão.

Sabe que está errado, mas prefere não correr o risco de se tornar a próxima vítima. Aceita rir de quem não merece a ser zombado. O egoísmo une os covardes.

Na escola, os meus melhores amigos não eram os mais populares, os mais bonitos, mas os que ficavam excluídos e escanteados pela turma. O bullying foi o cupido de grandes cumplicidades.

São meus amigos até hoje, porque nos escolhemos pela verdade, não pela aparência. Ao nos aceitarmos, acabávamos com a rejeição. As adversidades em comum fortaleciam nossas conversas pelo recreio.

A dor partilhada é o elo mais indestrutível da confiança. Mais do que a alegria. Mais do que a festa. Mais do que a aventura.

Os afetos humilhados serão exaltados pelo tempo.

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