Por Gláucio Tavares Costa*
O otimismo é pura virtude, ao menos ao sentir do filósofo alemão Gottfried Leibniz, que ao lado de Descartes e Espinosa, foi um dos grandes nomes da filosofia moderna do séc. XVII, além de um dos pais do cálculo integral, juntamento com Isaac Newton.
Em sua obra Discurso de Metafísica de 1686, Leibniz concluiu que “Deus não podia ter criado um mundo melhor”, sua perfeição o levou a criar o melhor dos mundos possíveis, no qual encontramos a mais perfeita ordem e harmonia. Para Leibniz, se não enxergamos a beleza do mundo, tal fato ocorre porque não temos capacidade para compreendermos a obra de Deus (Razão Inadequada, 2013). Cogitava Leibniz que se pudéssemos entender o mundo, poderíamos atingir a compreensão das belas razões pelas quais tudo é como é. O pensamento de Leibniz é pleno em otimismo.
O pessimismo, por sua vez, era o tônico do filósofo também alemão do Séc. XVIII Arthur Schopenhauer, para quem viver é sofrer. O pai de Schopenhauer, que sofria de ansiedade e depressão, morreu afogado em 1805, provavelmente por suicídio. Um ano antes, Schopenhauer viajou com o pai pela Europa do pós-guerras napoleônicas, presenciando mortes, luto, dor, sofrimento, fome, doenças entre outros resultados desastrosos de anos de conflito armado. Como se não bastasse, Schopenhauer também não nutria um bom relacionamento com a sua mãe Johanna Schopenhauer.
Arthur Schopenhauer atenta, em sua obra filosófica, que o desejo é ilimitado, mas sua realização é limitada, pelo que define o prazer como negativo e a dor como positiva, porque esta é a expressão de uma necessidade não satisfeita. O prazer nada mais é do que a dor que cessa; mas supondo que toda dor acabasse, seríamos tomados por um tédio tão insuportável que não suportaríamos viver. Esta é a maldição dos ricos e poderosos, não saber o que fazer de si mesmos, sendo tomados pelo mais mortal tédio, pelos mais enfadonhos sentimentos. A vida, diz Schopenhauer, é como um pêndulo, oscilando entre a dor e o tédio (Razão Inadequada, 2013).
A oposição entre otimismo e pessimismo é seguidamente evocada pelo “dilema do copo”: se ele é preenchido com água até a metade de sua capacidade, espera-se que um otimista diga que ele está “meio cheio” e que um pessimista reconheça um copo “meio vazio”.
HENRIQUE (2013) aponta que a oposição entre otimismo e pessimismo é seguidamente evocada pelo “dilema do copo”: se ele é preenchido com água até a metade de sua capacidade, espera-se que um otimista diga que ele está “meio cheio” e que um pessimista reconheça um copo “meio vazio”.
A despeito dos notáveis filósofos alemães mencionados, penso que estão equivocados ante o extremismo e que razão assiste ao escritor e intelectual nordestino Ariano Suassuna, quando asseverou que: “Não sou nem otimista, nem pessimista. Os otimistas são ingênuos, e os pessimistas amargos. Sou um realista esperançoso. Sou um homem da esperança. Sei que é para um futuro muito longínquo. Sonho com o dia em que o sol de Deus vai espalhar justiça pelo mundo todo.”
De fato, muito otimismo revela uma certa imprudência, ao passo que acentuado pessimismo é o cúmulo da chatice e amargura. Arretado mesmo é ser um realista esperançoso, consoante se extrai da lição do mestre nordestino Ariano Suassuna.
Referências:
HENRIQUE, Guilherme (2013). A Virtude do Otimismo. Recuperado de https://prezi.com/v5diteh9udhz/a-virtude-do-otimismo/
Razão Inadequada. Leibniz e Schopenhauer: o melhor ou o pior dos mundos? Recuperado de https://razaoinadequada.com/2013/11/15/leibniz-e-schopenhauer-o-melhor-ou-o-pior-dos-mundos/
RESENDE, Marcos. Coisas de Ariano Suassuna. Recuperado de https://marcosresende26.blogs.sapo.pt/coisas-de-ariano-suassuna-12786
*É mestrando em Direito pela Universidad Europea del Atlántico, graduado em Farmácia pela UFRN e cronista.
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