Petróleo: uma riqueza do Rio Grande do Norte

Por Gutemberg Dias*

A produção de petróleo nos últimos cinco anos vem de ladeira abaixo no estado do Rio Grande do Norte. Essa diminuição de produção associada a variação do preço dessa comodite no mercado internacional vem causando sérios danos a cadeia de fornecimento de óleo e gás e a economia do estado.

Fazendo uma análise dos dados fornecidos pela ANP, em relação a produção de petróleo, é possível constatar que a produção em 2017 teve uma queda de 16,98% em relação a 2016 e a produção de 2018 teve uma queda de 28,05% em relação a 2017. No ano de 2019, levando em consideração apenas os meses de janeiro e fevereiro, o acumulado de perda de produção em relação ao mesmo período do ano anterior já é de 10,5%.

Com produção atual de 41.900 bep/dia, o RN produz a metade do que produzia no ano de 2004, ou seja, em 14 anos perdermos metade da produção de petróleo. Sei que parte dessa perda vem da própria maturidade dos campos de petróleo, mas a falta de investimento no desenvolvimento e exploração, talvez, seja o maior fator de redução dessa produção.

Analisando os anos de 2016, 2017 e 2018 quando o principal operador da Bacia Potiguar (leia-se Petrobras) reduziu drasticamente seus investimentos no Rio Grande do Norte, os números de redução de produção foram assustadores, ou seja, a produção caiu respectivamente de 57.950 para 49.066 e na sequência para 41.691 bep/dia.

A venda das 34 (trinta e quatro) concessões ou campos de petróleo (Riacho da Forquilha) da Petrobras a empresa Potiguar E&P S.A. se configura como um passo à retomada dos investimentos no setor petrolífero do Rio Grande do Norte e em especial para Mossoró.

Digo isso com base em dados de produção de operadores independentes. Algumas empresas nos últimos três anos conseguiram triplicar sua produção no âmbito da Bacia Potiguar indo na contra-mão do decréscimo da produção total do estado. Com isso fica claro que não falta petróleo em nosso subsolo, mas investimentos para que esse petróleo possa chegar superfície para que gere riqueza para nosso povo.

A empresa PetroRecôncavo S.A controladora da Potiguar E&P S.A. ao assumir assumir campos de petróleo oriundos da Petrobras no estado da Bahia conseguiu durante sua operação quase que quadruplicar a produção dos campos operados por ela. É nessa lógica que acredito que poderemos ter significativas melhoras na produção de petróleo no Rio Grande do Norte.

A cadeia de fornecimento está muito animada com essa decisão da Petrobras, haja vista que vislumbra para esse segmento perspectivas de novos negócios a curto e médio prazo.

Vale destacar que a alguns anos a cadeia vem sentindo na pele a falta de investimentos por parte da maior operadora de petróleo de nosso estado. A decisão estratégica da Petrobras de se voltar para a produção de óleo offshore (Pré-Sal) tirou o foco da empresa nas operações de terra (onshore) e muitas atividades tiveram redução atingindo frontalmente a cadeia de fornecedores e, sobremaneira, os postos de trabalhos.

Sei que essa decisão da venda não agrada a todos os segmentos que tem interesse no setor, mas não podemos ficar sentados sobre uma imensa riqueza  que temos em nosso subsolo e não buscar explorá-la enquanto ela ainda tem um alto preço no mercado.

O petróleo precisa ser extraído o mais rápido possível do nosso subsolo. Não nos interessa quem irá fazer essa extração, empresa “A” ou “B”, o que devemos nos importar é com o óleo na superfície para que ele possa gerar emprego, renda e impostos para o povo do Rio Grande do Norte e, especialmente, para os mossoroenses.

*É professor da UERN e presidente da Redepetro RN.

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