
Por Elviro Rebouças*
O Tom ambíguo do presidente preocupa agentes econômicos, que veem acirramento na disputa entre gastadores e fiscalistas no governo federal. A disputa entre a austeridade e os empreendedores no interior do governo federal chegou ao ápice na semana passada, em meio a cobranças de compromisso com as contas públicas, feitas pelo competente e preparado ministro Paulo Guedes, que, ao perder seis secretários do seu super Ministério da Economia e o Presidente do Banco do Brasil, todos de sua inteira confiança, por não concordarem com os gastos do Governo Central, disse que os “fura-teto” poderiam levar o presidente Jair Bolsonaro a uma situação de dificuldades, citando inclusive o impeachment, vai crescendo, com todo fogo, na amplitude do imenso planalto central.
O episódio provocou uma resposta de Bolsonaro, que, um dia depois, reuniu-se com os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia e do Senado Federal, Davi Alcolumbre e convocou a imprensa para um breve pronunciamento em defesa ao teto de gastos e à responsabilidade fiscal. Um dia depois, no entanto, o mandatário já estava participando de inauguração de obra pública do porto de Belém (PA) e, em sua live semanal nas redes sociais, admitiu a discussão sobre “furar” o teto de gastos. A âncora fiscal estabelece que as despesas globais de um ano não podem crescer acima da inflação do ano anterior. Esta semana o Presidente já foi a Aracaju-SE, aonde, para não variar, voltou a ser ovacionado, e virá sexta-feira ao nosso Rio Grande do Norte, visitando obras vitais à economia potiguar, trazido pelas mãos dos competentes Ministros Rogério Marinho e Fábio Faria, nossos conterrâneos, e da Ministra Tereza Cristina, da Agricultura, numa busca incessante pelo desbravamento eleitoral de uma região que lhe foi tão hostil em 2018.
“A ideia de furar o teto existe, o pessoal debate, qual o problema?”, disse. “Agora esse mercado tem que dar um tempinho também, né? Um pouquinho de patriotismo não faz mal a eles, né?”, emendou.
No dia seguinte, após a repercussão das falas, Bolsonaro foi às redes sociais criticar a imprensa e dizer que a responsabilidade fiscal e o respeito ao teto de gastos são o “norte” do atual governo. As idas e vindas do presidente, porém, geraram incômodo e reforçaram um ambiente de disputa no Poder Executivo pelo controle da agenda econômica às vésperas do envio da peça orçamentária de 2021.
Este foi um dos assuntos do mais propalados por toda a semana que passou, e vai ter um desiderato ainda neste malsinado mês de agosto, já que ele é visto pelos políticos como impróprio – o suicídio de Getúlio Vargas, no dia 24, em 1954, a renúncia de Jânio Quadros, no dia 25, em 1961,o cisma dos militares com a posse do Vice-Presidente João Goulart, que só aconteceu em setembro de 1961, a trágica morte em desastre automobilístico do inolvidável Juscelino Kubitschek, no dia 22, do ano 1976, para não citar outros fatos do oitavo mês do calendário gregoriano.
Bolsonaro criou uma difusão ambígua [com posições contraditórias sobre o teto de gastos]. Mas, na avaliação de muitos parlamentares, o coração do presidente já está ganho pela ala desenvolvimentista, surfando numa popularidade, em todas as pesquisas que são realizadas, esplendorosa por todo o seu mandato. Mas aí é outra conversa, vale os R$.600,00 para cada brasileiro sem salário fixo.
A avaliação que se tem é que, realmente, está muito vendido a esse discurso de gastar. Ele viu que isso traz popularidade e está de olho na eleição de 2022. Ao mesmo tempo, tenta se equilibrar com o ministro Paulo Guedes, notável no ideário renovador, deste o início da campanha memorável do liberalismo, em 2018, quando o nosso Capitão e Deputado Bolsonaro dizia a toda voz: “Eu não entendo de economia, aí quem vai resolver é Paulo Guedes”. Ele sabe que precisa desse apoio para ter ao seu lado investidores. Bolsonaro deverá apresentar movimentos erráticos, em uma tentativa de se equilibrar entre as duas alas, mas mais inclinado à narrativa da expansão das despesas públicas.
Na parte fiscal, o que preocupa não vai ser a forma como as despesas ficarão acima do previsto pelos economistas. Se o ‘puxadinho’ vai ser por decreto de calamidade, orçamento de guerra ou vai ser via permissão do TCU para inscrever e gastar restos a pagar, não é esse o problema. Não é a forma, e sim o resultado. Caso essa mudança de postura em relação à âncora fiscal se concretize, o mercado poderá experimentar uma mudança significativa nos preços dos ativos e nas curvas de juros. Do ponto de vista político, uma guinada radical é vista como estopim para um possível desembarque de Paulo Guedes, mas o cenário é dado como movimento pouco provável.
Se soubermos que o Presidente Bolsonaro claramente decidiu e está agindo para mudar a orientação de política econômica, é mais fácil dizer que Paulo Guedes está fora. O meio do caminho é mais provável, mas não é tão fácil de projetar. A inflação sob controle absoluta, entre 2% a 2,5% no ano, sem desvalorizar as rendas e os salários presentes, juros em baixa, com a SELIC na mínima histórica de toda à serie, 2% ao ano , embora o crescimento econômico em baixa de 5% a 6% em todo o ano de 2020, por conta da pandemia, com um decesso global, mas o Brasil tem riquezas inexpugnáveis, estamos colhendo a maior safra agroindustrial de todos os tempos. Portanto que sejamos desenvolvimentistas, mas seria muito bom na nossa constelação a continuidade do luminoso “Posto Ipiranga”, com os seus méritos e acertos. O Brasil que elegeu o Presidente Bolsonaro, já viu em plena campanha um Paulo Guedes consagrado. Que assim seja. Aguardemos, pois!
*É empresário.
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