Por Lucas Mesquita*
Desde o começo da pandemia, tudo o que acontece na Ásia, na Europa e nos EUA, acontece no Brasil depois um ou dois meses. É como se o Brasil tivesse uma máquina do tempo e soubesse tudo o que vai acontecer. Mesmo com essa valiosa ferramenta, estamos brigando pela liderança do ranking da morte.
O motivo? Somos governados por um psicopata. Não, não sou psiquiatra, mas qualquer vertebrado que saiba que a terra é redonda e analise como ele tem agido durante a pandemia vai ser capaz de dar esse diagnóstico.
Bolsonaro escolheu uma estratégia abominável. Aconselhado por um bando de lunáticos que parece ter saído de uma esquete do Monty Phyton, o presidente empurrou o povo para a vala. Infelizmente de forma literal. Ele achava que se o vírus se propagasse rapidamente, sem nenhuma medida de controle, a pandemia terminaria rápido.
O plano infalível: mais de dois terços da população pegaria o vírus e alcançaríamos a chamada imunidade de rebanho. O preço em mortes não importava. Quem já viu psicopata se preocupar com morte? A aposta era recuperar a economia rapidamente. Sua mente perversa imaginava que com dinheiro no bolso, as pessoas esqueceriam as pessoas queridas que perderam, as cenas de desespero nas UTIs e os cemitérios abarrotados enterrando de uma vez só dezenas de corpos em covas coletivas.
Não tinha como não dar errado e as pessoas que sobreviveram terminaram sem dinheiro no bolso e sem pai, mãe ou avó. E por que não deu certo? Porque, adivinhem, a máquina do tempo realmente tinha funcionado. As imagens desesperadoras que chegavam da Europa se repetiram por aqui, com intensidade ainda maior. Mas ele “acreditava” no seu ministro da Saúde de fato, o deputado Osmar Terra (plana), que em abril de 2020 garantiu que a pandemia acabaria no fim daquele mês.
Coloquei aspas no acreditava, você deve ter percebido. Porque achar que Bolsonaro de fato acreditava nas previsões de Osmar Terra, o homem que disse que menos de 800 pessoas morreriam de covid no país, é uma ingenuidade do tamanho da conta bancária do Flávio Bolsonaro (será que ele tem dinheiro em banco? Bem, troque por “do tamanho da pilha de dinheiro que o primeiro filho pegava do salário de seus assessores).
Não, ele não acreditava nessas previsões terraplanistas, sabia que morreriam centenas de milhares. Ele pode até ser burro, não vou tirar isso dele, mas não é a burrice que explica sua forma de agir. É a psicopatia. Ao contrário do primeiro-ministro do Reino Unido, que revogou a estratégia assassina de criar imunidade coletiva por infecção quando a realidade pediu truco, nosso grande líder pediu meio pau. Não por ter o zap, mas por achar que era melhor a pandemia acabar rápido, não importando se estava cheio de cadáver no chão dos hospitais.
Mas, como diria o genial Garrincha, ele esqueceu de combinar com os russos. Com o vírus, no caso. E apesar de milhões de brasileiros com anticorpos por causa de infecção, a pandemia não acabou rápido. Mas o pai que chama os filhos por números continuou apostando na morte. Suas ações fizeram os melhores roteiristas de comédia (e os de terror psicológico) morrerem de inveja. O ministro avisou que o sistema de saúde iria colapsar, foi pra rua. O sistema de fato colapsou, mas ele disse que não era coveiro, que se chamava Messias, mas não fazia milagre. A culpa era dos governadores, dos prefeitos, do papa, da rede Globo, do ET Bilu.
O substituto não quis transformar em saúde pública a distribuição de remédio ineficaz, propagado como cura milagrosa para as pessoas não terem medo do vírus e saírem às ruas despreocupadas, livres para se infectar. Não durou um mês. Ele pensou: esses médicos são muito rebeldes, vou chamar um militar que faça o que eu mandar. Chamou um que não sabia nem o que era o SUS.
Agora ele podia colocar o genocídio em prática sem ministro médico enchendo o saco. Em vez de comprar vacina, lançou a braba em remédio pra piolho e malária. E pegue promover aglomerações e incentivar que os brasileiros combatessem os governadores tiranos e buscassem a imunização raiz, a por infecção, muito melhor que a por meio e vacina, coisa de maricas. Se sair sem máscara, essa focinheira inventada pelos comunistas, melhor ainda.
O resultado foi uma variante que varreu mais uma vez o país, matando o dobro de pessoas e mostrando que a imunidade coletiva como estratégia era, além de assassina, estúpida. O rebanho não ficava imunizado e precisava de tubos de oxigênio pra sobreviver, mas o presidente esqueceu de comprar. Paciência, né? Quem poderia imaginar que isso aconteceria?
Apesar de fazer exatamente o que o presidente pediu, o capacho militar se indispôs com parlamentares que estavam enchendo o bolso com compras suspeitas de vacinas suspeitas e foi deslocado para algum cargo irrelevante para continuar ganhando uma bolada, sendo vigiado de perto pelo chefe, para não querer falar o que não deve. Não vou me aprofundar sobre corrupção na compra de vacinas porque é um crime muito pequeno se comparado a genocídio.
O presidente, então, chamou o capacho médico, que rasgou o diploma para praticar a única coisa que sabe: a bajulação. Ele não é abatedor de gado, mas continuou matando algumas das vacas para tentar salvar o rebanho. De novo não funcionou. Poxa, que chato. Mas não se acerta sempre, não é mesmo?
Pensou que o estoque de perversidades tinha acabado? Pensou errado. Se não bastasse incentivar a contaminação geral, colocar em dúvida a eficácia das máscaras, promover curas milagrosas e demorar para comprar vacinas, nosso psicopata da casa de vidro promoveu uma cruzada contra os imunizantes. E teve certo sucesso na missão. Até hoje, 20% da população não tomou sequer uma dose de vacina.
Para os nossos padrões, 20% é muito. O brasileiro ama tomar vacina, o Zé Gotinha é o herói da criançada, mais querido que o Papai Noel. Além disso, as pessoas adoram eventos de graça em que possam tirar fotos para postar nas redes. Mesmo que o evento seja uma campanha de vacinação. Apesar disso, milhões acreditaram no presidente e não se vacinaram com medo de terem o DNA alterado, serem controlados por meio de chip ou virarem jacarés. Nenhum desses virou réptil, é verdade, mas muitos viraram cadáveres.
Tem muito mais coisa, mas já deu pra entender, né Tribunal de Haia? Jaula nele! A gente nunca te pediu nada. Quebra esse galho pra gente, vai!
*É jornalista.
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