Queda de Dilma é um manual de como um governante não deve fazer para seguir no poder

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Dilma Rousseff não é mais presidente do Brasil. A primeira mulher a chegar ao mais alto posto da nossa república não resistiu ao sexto ano de mandato por pura inabilidade política.

Ela se preocupou no segundo mandato em fazer a agenda da mídia e dos mercados. Adotou medidas impopulares, trouxe um ministro da fazenda (Joaquim levy) e rasgou o prometido nos palanques. Abandonou as medidas desenvolvimentistas do ex-presidente Lula e partiu para uma agenda que não é petista.

Dilma se iludiu que por ser honesta ela sobriveria aos corruptos e conseguiria ter apoio popular. Ela errou. Errou ao não entender que a política é complexa e que os discursos são meros adereços para enconbrir as reais intenções. Quem queria vê-la pelas costas não estava preocupado com a moralidade na política. A turma que foi as ruas patrocinada pelas aves da FIESP tinha um outro plano de voo.
A agora ex-presidente perdeu a mão. Errou na política, errou na economia e não soube ter a paciência necessária aos estadistas para lidar com Eduardo Cunha, um psicopata político capaz de qualquer coisa para se dar bem. O PT deveria ter tido a habilidade política para livrar Cunha no Conselho de Ética e barrar o impeachment.

Mas o governo quis medir forças com um cidadão que financiou quase dois terços dos mandatos da Câmara dos Deputados. Não seria fácil derrubá-lo pela via política. Mas o PT embarcou na aventura. Resultado: o processo de cassação de Cunha, mesmo com todas as provas, é o mais longo da história.

A queda de Cunha era questão de tempo. Talvez se Dilma tivesse conhecido a minha avô, a sábia Dona Darquinha, teria entendido que os maus por si se destroem. O jogo para salvar Cunha renderia algumas manchetes negativas, não seria colocando ele na berlinda que o governo Dilma ia se safar. De fato, foi a derrocada. No mesmo dia que o Conselho de Ética acatou a cassação de Cunha ele aceitou o pedido de impeachment que terminou hoje. Isso foi em 2 de dezembro.

Só Cunha tinha esse poder. Ele já tinha recusado inúmeros pedidos. Tendo o PT ao seu lado não seria dessa vez que iria aceitar.

O PT colhia os frutos de ter se acomodado numa política fisiológica em que é um amador diante dos tubarões do PMDB e suas cópias falsificadas como PP, PR, PSD e tantos outros partidos fisilógicos do chamado “centrão”.

O resultado de hoje é fruto de um trabalho não feito pelo PT para que a esquerda crescesse nesses 13 anos de poder. Na hora do aperto apenas o partidos realmente de esquerda ficaram com Dilma e a direita/“centrão” trucidou na Câmara dos Deputados e Senado.

Dilma não soube fazer o jogo político e quando acordou já estava derrotada e ao entrar no “topa tudo” o quadro era irreversível. Ela não tinha mais condições de governar o país.

Como Vargas, Jânio Quadros e Collor ela perdeu o Congresso e sem os políticos ninguém governa numa democracia pluripartidária como a brasileira.

Bastou arranjar um pretexto qualquer para derrubá-la e assim foi. Dilma foi injustiçada? Sim. Mas ela errou por não fazer o jogo da governabilidade num Congresso de novatos e extremamente conservador.

Agora assume um presidente que tem compromisso com os mercados financeiros e forte capacidade de articulação política. Um homem culto e obscuro. Um sujeito tão distante das causas sociais que não tomou posse na Câmara dos Deputados, a casa que simboliza o povo. Assumiu o posto mais importante da nação no Senado, que representa os Estados e onde se encontra a ELITE política do país.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto