Quem diria? Agripino tenta renascimento político colando no Governo Lula

Agripino tem desfrutado de trânsito no governo do partido que combateu (Foto: reprodução/redes sociais)

Prefeito biônico de Natal forjado no crepúsculo da ditadura militar, governador eleito em 1982 beneficiado pelo famigerado voto vinculado, num dos últimos suspiros do regime autoritário, o ex-senador José Agripino Maia, está desde 1º de fevereiro de 2019 sem mandato e após um longo período de ostracismo político tenta ganhar fôlego reforçado pelo poder de presidir o caixa do fundo partidário do União Brasil, partido criado da fusão entre DEM e o PSL, legenda turbinada pelo bolsonarismo em 2018.

Após se destacar como líder do antipetismo no Senado durante os governos Lula e Dilma Rousseff, Agripino sofreu a mais dolorosa derrota de sua carreira política ao não conseguir se eleger deputado federal em 2018. Em 2020 sequer conseguiu montar uma mísera chapa de vereador do DEM em Natal.

O ocaso político era iminente até que o DEM e o PSL se juntaram para formar o União Brasil, uma legenda turbinada. Agripino conseguiu formar um grupo forte que hoje reúne dois deputados federais e dois estadual, além de um punhado de prefeitos, entre eles o de Mossoró, Allyson Bezerra, que ele exibe em Brasília como um troféu.

Após quase duas décadas de confrontos diretos com o PT, Agripino, que flertou com o bolsonarismo no segundo turno das eleições do ano passado, revivendo o passado de convivência com o autoritarismo.

Com a derrota de Jair Bolsonaro (PL) e com parte do União Brasil dentro do Governo Lula, Agripino tenta ganhar fôlego circulando por Brasília tentando ganhar prestígio na gestão daqueles que lutou tanto para destruir num passado recente, sendo que ele quem acabou caindo no ostracismo.

Basta uma rápida passagem pelo perfil do ex-senador no Instagram para ver que ele está sempre em Brasília batendo as portas dos ministérios comandados pelo seu partido fingindo que são unidades autônomas, sem qualquer ligação com o presidente Lula, para tentar se promover como alguém de prestígio.

Agripino tentou influir nas indicações de cargos federais no Rio Grande do Norte, mas acabou sendo excluído das discussões. Ele não gosta do PT nem os petistas gostam dele. O ex-senador quer as benesses do governo sem ser governo e o governo o enxerga como um estranho no ninho.

Mas não deixa de ser irônico ver Agripino batendo a porta do Governo Lula para sentir o gostinho do prestígio que já sentiu na época dos militares, de Sarney, Collor, Itamar, FHC, Temer e Bolsonaro.

Quem diria?

Comments

comments

Reportagem especial

Canal Bruno Barreto