A expressão “A Bola Não entra por Acaso” é mais que um bordão de comentarista de futebol nas sonolentas mesas redondas (hoje nem tão redondas assim). É o título de um livro lançado em 2010 pelo atual CEO do Manchester City, o espanhol Ferran Soriano.
A obra explica que não basta ter dinheiro, mas é preciso ter estratégia de gestão e estrutura para o sucesso no futebol.
Hoje o futebol de Mossoró não tem dinheiro, estratégia e muito menos estrutura. Entendo que ultrapassamos o limite da agonia para o da morte seguida de um lento e sofrido cortejo fúnebre desde que o que restou do Estádio Nogueirão sucumbiu ao descaso e as fantasias dos políticos.
Há 14 anos, Mossoró teve a oportunidade de ouro de ter um estádio decente com a permuta que estava sendo negociada, mas a então governadora Rosalba Ciarlini apareceu com uma maquete que entrou para a história como uma das maiores pixotadas já vistas por estas bandas.
O Nogueirão passou a ser moeda política. Foi municipalizado com uma lei frágil por Francisco José Junior e em seguida “desmunicipalizado” por Rosalba até que em 2021 o atual prefeito Allyson Bezerra (UB) “remunicipalizou” usando a mesma lei problemática que está em vigor.
Há 21 anos quando era um jovem estudante de jornalismo via o futebol de Mossoró viver seu auge com o primeiro título estadual do Potiguar e a campanha histórica do Baraúnas na Copa do Brasil de 2005 que criou as bases para o título de 2006.
Ali tínhamos um Nogueirão que dava os seus primeiros sinais de problemas, mas que ainda funcionava na plenitude.
Depois veio a interdição parcial que foi se expandindo ano a ano cercado por problemas até o fechamento no ano passado que ficou sem chances de reversão depois da queda do teto das cadeiras no sábado de carnaval.
Sem Nogueirão, os clubes ficaram ainda mais precários. Faltava a renda dos jogos e sobrou mais despesas com deslocamentos, o que para clubes paupérrimos pesa muito.
O Baraúnas sentiu essa situação montando um time ruim que terminou rebaixado no Campeonato Estadual. Isso foi só mais um trecho do cortejo fúnebre do futebol de Mossoró.
A bola não entra por acaso, a última pá de cal também não será jogada pelo coveiro por acaso.