Por Daniel Menezes*
Todo ano pré-eleitoral é a mesma coisa. Há sempre os beneficiários da confusão entre recall em pesquisa e voto. Só que são duas coisas distintas.
Ter um bom recall é importante? Óbvio. Já partir com um capital eleitoral é legal. Só que não necessariamente ele é base para saber se o postulante irá ganhar o ano que vem. O recall é a lembrança, que já habilita para partir com 10%, 20% ou mais de votos possíveis.
Voto efetivo é algo que se realiza de fato no dia e gera a vitória do postulante.
Devemos, portanto, esperar até o dia da eleição para estabelecermos prognósticos sobre quem vai ganhar e perder? Não. A questão é não resumir a análise – interessada? – em dizer quem está na frente ou atrás há um ano da eleição.
Para uma candidatura ser de fato competitiva, ela precisa contar com:
- rejeição competitiva, isto é, aquela que não inviabiliza a candidatura por uma grande quantidade de anti-eleitores;
- correlacionar nível de conhecimento do nome com possibilidade de crescimento durante a campanha;
- É possível ainda projetar a forma como a candidatura se insere de forma positiva – ou não – no contexto eleitoral em que o eleitor vai optar em prol da mudança ou pela permanência do grupo que se encontra no poder. Governos bem avaliados e contextos em que os cidadãos estão satisfeitos com as suas vidas criam a perspectiva da continudade. A indicação é de alteração se mal avaliados e diante de um cenário econômico adverso.
Cabe notar, portanto, que um político pode partir com 20%, 30% dos votos e não levar se for, por exemplo, já bastante conhecido (não há público eleitoral para crescer), apresentar elevada rejeição e remar a favor da permanência de um grupo político no poder, que já é fortemente reprovado pela população.
No sentido inverso, num ano pré-eleitoral, o vencedor pode partir com escassa intenção de voto em pesquisa, mas ser ainda pouco conhecido (tem forte público a ser apresentado e crescer), baixas perspectivas de rejeição (entre quem o conhece a rejeição é baixa, por exemplo) e caminhar conforme o “espírito do tempo”, isto é, a favor da mudança ou permanência que o eleitor espera do pleito.
Em suma, o recall precisa ser sempre matizado. Mas, repito, sempre haverá quem faça uso dessa vantagem que, a depender do contexto é falsa, para se apresentar da melhor maneira na prateleira do mercado de alianças em prol da sua melhor introdução na eleição do ano posterior.
*É sociólogo e professor da UFRN.
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