Relativização da violência política contra LGBTs produz impunidade moral para Bolsonaro

Bolsonaro se popularizou atacando homossexuais

Por Bruno Barreto

O debate no Facebook está cada dia mais tóxico. Reflexo de uma sociedade enferma e indiferente com os problemas dos oprimidos. Tudo virou um embate entre a esquerda que se vitimiza e a direita detentora do monopólio da virtude.

Todos se comportam como se nós pensássemos em forma de combos. Se você é de esquerda logo é abortista, a favor da legalização das drogas, apoiador da ditadura de Maduro, fã de Cuba e defensor de bandidos e pedófilos. Se você é de direita é o contrário de tudo isso e apoiador da tortura e de armar loucamente a população.

Não é bem assim, mas algumas coisas precisam ser melhor compreendidas.

É difícil lidar com isso quando se tem a consciência de que o pensamento humano é complexo e não uma caixinha programada de ideias.

Mas dentro da complexidade do pensamento é preciso separar o joio do trigo. Nem todo eleitor de Jair Bolsonaro é fascista, homofóbico, racista, misógino e apoiador de torturadores.

Bolsonaro o é, diga-se.

Tem muito de revolta e sentimento antissistema no voto nesta figura grotesca tida como o virtual presidente. Difícil de compreender, mas a maturidade democrática exige isso.

Quando um líder político abre a boca para dizer um filho é gay por falta de porrada ele estimula pais cuja homofobia se encontra enrustida a achar que basta umas palmadas para o filho “aprender a ser homem” como no vídeo abaixo:

Um líder político precisa dar exemplo. Isso por si só basta para quem tenta relativizar os casos de violência associadas a apoiadores dele. A homofobia sempre existiu no Brasil, somos o pais que mais mata LGBT no mundo, mas em vez destes dados nos unir em torno de uma pauta contra a discriminação o que temos é um virtual presidente que estimula ainda mais sendo abertamente contra políticas afirmativas contra a discriminação como neste vídeo abaixo:

Quando relativizamos o ódio não contribuímos para uma sociedade saudável e tolerante, mas fazemos exatamente o contrário.

Na nossa Mossoró se registram casos graves de homofobia escancarada de gente que se empolga com os discursos de Bolsonaro. Há relatos graves nas redes sociais e de tentativas de intimidações de gays em bares com o “aviso” de quando o candidato do PSL assumir vai “matar viado (sic)”.

A discriminação contra LGBTs é um dos motivos mais frequentes para suicídios no país. De acordo com estudo divulgado no primeiro semestre deste ano pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) a cada 19 horas um homossexual é assassinado ou tira a própria vida por conta do preconceito.

Em Mossoró um jovem negro e homossexual cometeu suicídio. Segundo relatos do padre Raimundinho do Vingt Rosado repassados ao Blog, o garoto de 17 anos tinha alertado sobre o medo que sentia de um eventual governo Bolsonaro. As palavras foram proferidas na missa de ontem.

É pura indiferença não ver que os recentes casos de homofobia explicita registrados no país não são estimulados pelas palavras de Bolsonaro. As pessoas sempre o citam em tom ameaçador.

Bolsonaro tenta mostrar que não é homofóbico tirando fotos e gravando vídeos com LGBTs reproduzindo um discurso hipócrita típico de quem diz “não ter nada contra gays, mas…”. Geralmente após o “mas” vem seguido de um “não me dizer que é normal” ou “não deixaria meu filho sozinho com um viado (sic)”.

Geralmente quando rebatidos essas pessoas falam que tem amigos gays. Que tipo de amizade: a convivência forçada no local de trabalho ou no ambiente familiar não é ter amizade.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto