Retomada da cadeia de petróleo e gás exige preparação, alerta presidente da Fiern

Cidade vive clima de prosperidade no setor de petróleo e gás (Foto: cedida)

“Mossoró precisa se preparar para esse novo momento.” A afirmação é do empresário e presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (Fiern), e se refere ao processo de retomada de investimentos na cadeia de petróleo e gás na região. Com a aquisição dos campos maduros por empresas independentes e o início da operação desses poços, o que se prospecta, segundo análise do mercado, é um cenário animador para os próximos anos, com a contratação de mais de 50 mil pessoas.

“Há uma perspectiva de que, nos próximos 30 anos, o setor vai demandar uma contratação de profissionais cada vez mais intensiva, porque a exploração do petróleo em terra contrata muitas pessoas. Os estudos mostram que, ao atingir a capacidade máxima de exploração, serão gerados 54 mil empregos na região de Mossoró, somente nesse setor”, destaca Roberto Serquiz, acrescentando

“A cidade vive hoje uma época de prosperidade em atração de investimentos, de robustos investimentos com recursos próprios, na fruticultura, nas energias renováveis, e estamos percebendo também a retomada da cadeia do petróleo e gás, o que está só no começo, em uma fase em que há uma preparação para fazer com que os poços adquiridos pelas produtoras independentes possam funcionar plenamente.”

Mesmo ainda estando em uma fase inicial de retomada, a cadeia produtiva do onshore já apresenta resultados positivos na economia potiguar. Segundo estudo do Banco do Brasil intitulado “Resenha Regional de Assessoramento Econômico” e divulgado no mês de novembro, o Produto Interno Bruto (PIB) da indústria potiguar deverá ser destaque este ano, com um crescimento de 20,8%.

Em entrevista ao jornal Tribuna do Norte, o presidente da FIERN afirmou que a projeção de crescimento acima do esperado se dá em função do grande avanço da produção de petróleo e de energias renováveis no Rio Grande do Norte, que hoje é o maior produtor de petróleo e maior gerador de energia eólica em terra.

“Mossoró deve se preparar para esse novo momento”, destaca Roberto Serquiz (Foto: cedida)

Todo esse investimento demanda também uma preparação, sob todos os aspectos, da região em que as empresas estão instaladas, para atender a um público que possui uma renda acima da média na indústria, como explica Serquiz. “As empresas que estão investindo na cadeia produtiva do petróleo e gás geram emprego na região, contratando pessoas daqui, treinando esses profissionais. E aqueles que são trazidos de fora, que não são maioria, também permanecem aqui”, afirmou, complementando:

“A atividade remunera bem esses profissionais, e são pessoas com um certo nível de exigência de moradia, de escola para os seus filhos, de alimentação de qualidade; são exigentes nos serviços. A partir de agora, com um cliente mais exigente, a cidade precisa se preparar para oferecer mais, porque são pessoas que passam a morar aqui e irão usar os serviços de saúde, os restaurantes, o setor de hotelaria, academias”, enfatizou o empresário.

O onshore em números

A previsão da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABpip) é de que o setor de petróleo e gás movimente mais de R$ 7 bilhões no Rio Grande do Norte nos próximos cinco anos. Como Mossoró centraliza a maior parte das empresas da cadeia produtiva, o maior volume desse montante estará em circulação na cidade. “O dinheiro vai circular na região e é preciso servir essa cadeia de produção”, atesta Roberto Serquiz.

Em artigo publicado no portal Poder360, o presidente da ABpip, Marcio Felix, citou Mossoró como exemplo na geração de empregos no setor de petróleo e gás. “Mais de 20.000 empregos foram instituídos diretamente por empresas associadas, o que contribui para a circulação de renda e o recolhimento de royalties, que alcançou R$ 265 milhões em 2022”, disse.

Ainda segundo Marcio Felix, as 17 empresas associadas da ABpip operam hoje 175 campos, com uma produção total de 226 mil barris de óleo equivalente por dia, com potencial de chegar a 500 mil até 2029. “A estimativa é que essas companhias invistam R$ 40 bilhões no mesmo período para incrementar a produção e seguir estimulando as cadeias produtivas, criando um ambiente de negócios mais diversificado e competitivo”, pontuou.

Mossoró no centro das atenções

Um exemplo de como Mossoró já está no centro das discussões sobre o novo momento do onshore nacional, e por isso precisa estar preparada para entender e atender o impacto desse boom de investimentos, é a realização de eventos como o “Mossoró Oil & Gas Energy”, cuja 9ª edição aconteceu entre os dias 26 e 28 de novembro deste ano.

O evento gerou, mais uma vez, um impacto significativo para a economia local, movimentando o setor de serviços e turismo, com hotéis 100% ocupados. Restaurantes e transportes registraram alta demanda durante o evento, refletindo a importância da iniciativa para o desenvolvimento regional.

De acordo com os organizadores, mais de 10 mil pessoas passaram pelos estandes do “Mossoró Oil & Gas Energy”, incluindo representantes de grandes empresas do setor, como a Petrobras, Eneva, Petroreconcavo, Brava Energia, Mandacaru Energia, além de investidores internacionais interessados no potencial energético do Brasil.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto