Robinson está no limite entre a coragem e o “desatino político” para recolocar salários em dia

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O governador Robinson Faria (PSD) está numa situação extremamente delicada. Carrega o fardo de ser um gestor que atrasa salários dos servidores o que lhe acarreta uma profunda impopularidade, nada que chegue perto (por enquanto) da atual prefeita de Mossoró, Rosalba Ciarlini (PP).

Em curto prazo ele não tem grandes chances de por salários em dia. Os impostos já subiram o que tinha de subir, não tem mais o que cortar num Estado que falta de tudo. O Rio Grande do Norte diminuiu os percentuais do gasto com folha da Lei de Responsabilidade Fiscal, mas o quadro ainda está fora de controle.

São mais de cem mil famílias falando mal do governador em todo o Rio Grande do Norte graças aos salários atrasados.

Só existe uma saída em curto prazo capaz de dar alguma competitividade a Robinson em 2018: aproveitar-se da decisão monocrática do ministro Marco Aurélio Mello do Supremo Tribunal Federal (STF) que autorizou o executivo potiguar a reter os excedentes do judiciário.

Fala-se em R$ 400 milhões de recursos guardados em caixa. A conta mais recente aponta R$ 270 milhões. Os dois valores foram divulgados pelo Portal No Ar, de Natal.

Robinson está como o alpinista Aron Ralston, que inspirou o filme 127 Horas. Para sobreviver após ficar preso em pedra ele precisou cortar o próprio braço. No caso o membro a ser cerrado é a boa relação institucional (já foi melhor) mantida entre o governador e os demais poderes. É esse um dos fatores que evitam um desgaste num nível semelhante ao enfrentado por Rosalba.

O presidente do Tribunal de Justiça Expedito Ferreira já avisou que não sequer emprestar os R$ 100 milhões sugeridos pelo antecessor Cláudio Santos.

O governador precisará de muita habilidade para tratar do assunto. De um lado os servidores querem voltar a receber os salários dentro do mês e sofrem num pântano profundo de juros com cartões de crédito e cheque especial. Do outro um judiciário sedento por privilégios.

Se o governador não conseguir acordo em mais uma tentativa em obter algum altruísmo do nosso rico judiciário terá que escolher entre o bom relacionamento com o judiciário ou mais de cem mil famílias que querem receber em dia.

Se ficar com a segunda opção será visto como corajoso por uma parcela dos servidores (não a maioria) e terá cometido um “desatino político” pelo risco de sofrer represálias do judiciário.

É uma situação que exige extrema habilidade política. O governador tem em mãos não só uma autorização para reter os repasses do judiciário, mas a chance de fazer história quebrando um paradigma da nossa política e colocar a própria cabeça numa bandeja política.

A escolha é difícil.

 

 

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto