Candidato a presidente do Senado, Rogério Marinho (PL), um novato na casa, já quer chegar mandando na coisa toda. O discurso é de lobo em pele de cordeiro. Promete resgatar a altivez da casa, defender a democracia e liberdade de expressão.
O golpe está aí, cai quem quer.
A mídia nacional até andou manchetando que “Marinho tenta se afastar do bolsonarismo radical e fala sobre democracia”.
Abre parêntese: falar em bolsonarismo radical dá a entender que existe um bolsonarismo moderado. O bolsonarismo é um movimento político de extrema direita. Logo não há moderação nessa gente.
Se afastar do bolsonarismo radical e fazer defesa da democracia ao lado de Damares Alves (Republicanos)? Damares é uma fundamentalista cristã eleita pelo Distrito Federal. É uma das figuras mais nefastas do bolsonarismo.
Quando foi ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares esteve envolvida em tudo que foi crueldade praticada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). Foi ela quem pediu para que o então presidente vetasse o envio de leitos de UTI, água potável, materiais informativos e itens de higiene para os ianomamis em plena pandemia de covid-19. Está envolvida até o pescoço no genocídio contra aquela comunidade ianomami. Para ficar apenas no assunto mais atual.
No sábado, Rogério fez um discurso com essa pessoa ao lado dele.
Com fala mansa, o senador eleito é capaz de dizer as maiores atrocidades sem chocar. Quando defende a liberdade de expressão está querendo proteger propagadores de notícias falsas, quando fala em liberdade econômica é no sentido de tirar direitos dos trabalhadores e proteger os ricos (ele acha taxar grandes fortunas uma demagogia), quando fala em proteger o parlamento de abusos do judiciário quer poupar os envolvidos no golpe fracassado do dia 8 de janeiro e por aí vai.
Ele naturaliza o absurdo com uma extraordinária cara de pau. De moderado, Marinho só tem o tom de voz.
Já passou da hora de cravar em Rogério Marinho rótulo da extrema direita.