Rosalba ajusta discurso para eleições

Li atentamente a entrevista da ex-governadora Rosalba Ciarlini (PP) ao Jornal De Fato. Convincente em alguns pontos, adaptando a história às necessidades dela em outros.

Mas o que me chamou a atenção foi o ajuste do discurso em relação a passagem dela pelo Governo do Estado. Rosalba foi a governadora de pior avaliação na história do Rio Grande do Norte pós-redemocratização. Em comum com Francisco José Junior (PSD) a desaprovação superando a casa dos 80%.

Tanto como Rosalba como Carlos Augusto Rosado sabem que não pode permitir que o debate gire em torno do “pior prefeito x pior governadora”. O ideal é que Rosalba apague da memória coletiva a passagem dela pelo comando do Governo do Estado e só se lembrem da prefeita bem avaliada, que de fato ela foi.

Por outro lado, ela sabe que será cobrada pelos erros e vai apostando no maior trunfo que foi ter deixado o “RN Sustentável” para o sucessor Robinson Faria (PSD).

Mas é inevitável prestar contas e ela tem que ser cirúrgica para não dar discurso ao prefeito. Daí o ajuste no discurso. Rosalba passou quatro anos falando em crise, frustração de receitas, queda do FPM, aumento de demandas acima do aumento da arrecadação, herança maldita e seca. São exatamente as mesmas justificativas do prefeito.

Agora Rosalba trouxe uma nova roupagem ao justificar o mau desempenho: a articulação da elite política do Estado para prejudicar a gestão dela. Mais uma vez ela apela ao emocional. Quer reforçar o papel de vítima vestido com razão em 2014 quando o senador José Agripino negou a legenda do DEM para ela disputar legitimamente a reeleição.

O problema é que tudo leva a crer que os algozes de 2014 (José Agripino, Henrique Alves e Garibaldi Filho) foram os aliados de 2006 e 2010 e muito provavelmente estarão no palanque dela em 2016. Só isso coloca a vitimização numa situação contraditória.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto