Rosalba começa hoje a arriscar a fama de maior prefeita

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Rosalba encara o maior desafio da carreira política

O ano é 1993. Dix-huit Rosado assume a Prefeitura de Mossoró pela terceira vez. O “Velho Alcaide” àquela altura já ostentava a fama de melhor prefeito da história de Mossoró graças, em parte, pela tricotomização do Rio Mossoró que minimizou os efeitos das enchentes na cidade.

O tempo de Dix-huit Rosado já tinha passado, mas ele insistiu em seguir na política. Colocou a biografia do prefeito das “milobras” (mil obras) em risco. A idade avançada, tinha 80 anos, deixou-o vulnerável as influências externas. “Mário, meu filho” tomou conta da gestão que foi tão ruim que provocou estrago na imagem de Dix-huit e gerou vários fatos folclóricos para a memória política da cidade.

Hoje Rosalba Ciarlini (PP) assume a Prefeitura de Mossoró pela quarta vez. Em dois anos será a pessoa que por mais tempo administrou Mossoró (Dix-huit acumulou 14 anos por ter tido seis anos no segundo mandato), mas é bem mais jovem que o Dix-huit de 1992.

Com 64 anos ela ainda ostenta o vigor para trabalhar.  O que preocupa é menos a idade cronológica e mais os métodos. Como o Dix-huit de 1992 ela chega para um novo mandato abrindo espaço para parentes. Nomeou uma filha secretária pensando em 2018. Colocou em outra pasta uma sobrinha por afinidade (esposa do deputado federal Beto Rosado) e ainda por cima a sua principal aliada (pelo menos em tese), Sandra Rosado, indicou outro filho para o secretariado.

A prefeita de hoje repete o Dix-huit de ontem colocando um filho na estratégica chefia de gabinete. A versão 2.0 de “Mário, meu filho” é jovem Cadu Ciarlini, que coordenou com  sucesso a campanha de Rosalba em outubro passado.*

Dix-huit e Rosalba possuem trajetórias semelhantes
Dix-huit teve passagem desastrosa em última mandato como prefeito 

São três parentes no secretariado. O triplo dos tempos de “Mário, meu filho”. Até aqui Rosalba montou uma equipe de auxiliares mais política que técnica. Isso é um forte indício de que a “maior prefeita de todos os tempos” não aprendeu com os erros quando governadora.

Todos sabem que Rosalba pegará uma Prefeitura destroçada. Não há legado nem conta em dia. Praticamente tudo atrasado. Ela já indicou que vai se aproveitar do desastre da gestão que terminou ontem para ter um escudo.

Mas os tempos são outros. O eleitor está mais atento e menos ingênuo. O discurso da terra arrasada garante a compreensão do povo para necessárias medidas impopulares no começo da gestão, mas tem prazo de validade em sua eficácia. Rosalba pode até não admitir, mas em seu íntimo sabe disso. A passagem pelo Governo do Estado está acesa na memória da maioria da população. Ela recebeu a chance de mostrar que é boa gestora.

Mas os tempos são outros. Ela não tem abundância dos royalties (teve a sorte de contar com essa fonte logo no início da segunda gestão em 1997), estabilidade política e econômica nem a indústria do petróleo forte em Mossoró.

Rosalba e Dix-huit trajetórias parecidas
Rosalba e Dix-huit: trajetórias parecidas

São tempos de vacas magras em que o empreguismo está inviabilizado. Insistir nisso é uma ponte para o fracasso.

As trajetórias de Rosalba e Dix-huit são muito semelhantes. Faltou a ele uma passagem pelo governo que certamente aconteceria se houvesse democracia no país na década de 1970.

Rosalba se arrisca a ter um fim de carreira política melancólico igual ao de Dix-huit caso não consiga cumprir a promessa de campanha de reconstruir Mossoró, discurso batido diga-se.

A biografia da “Rosa de Mossoró” está em risco a partir de hoje.

*Texto atualizado após o anuncio de Cadu Ciarlini como secretário chefe de gabinete.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto