
Nenhuma análise política séria diria que o ano de 2019 foi positivo para a prefeita Rosalba Ciarlini (PP). Ainda assim ela sobrevive politicamente graças ao seu carisma pessoal e história política.
Diria que a prefeita vive de um passado que precisa ser revisitado e revisado, mas é inegável que o reconhecimento existe.
No entanto, a atual gestão é sofrível. A grana sobrando do passado que era torrada em praças e festas não existe mais. A realidade é de moedas contadas e falácias facilmente desmentidas em tempos de redes sociais.
No debate público de 2020 a prefeita do presente precisa ser confrontada com a do passado. A ela não cabe culpar os sucessores indicados por ela (isso inclui Francisco José Junior que recebeu apoio velado na eleição suplementar) e os adversários devem cobrar porque no auge dos recursos financeiros ela não fomentou políticas públicas para atração de novas cadeias produtivas. Ela tem satisfações a dar ao povo de Mossoró sobre isso.
O ano de 2019 é marcado pelo aprofundamento de uma crise administrativa e da comprovação de que a prefeita não conseguiu corrigir os estragos da passagem de Francisco José Junior (PSDB).
Rosalba entra no quarto ano da gestão pagando os salários dos servidores de forma fatiada e não conseguindo mais sustentar o discurso engana-trouxa do salário pago “rigorosamente em dia”. Nunca houve rigor nem proventos em dia.
A gestão enfrenta graves problemas na área da saúde assim como na era Francisco José Junior. Faltam médicos, medicamentos e sobra militância passando pano com o argumento de tudo vai bem. A promessa da marcação de consultas por meio de aplicativo de Internet virou lenda urbana. Os atrasos com as cooperativas médicas são constantes e os bloqueios judiciais se tornaram rotina administrativa.
A prefeita passou mais um ano sem lançar uma grande obra. Sem recuperar a capacidade de investimento buscou um obscuro (ninguém viu a lista completa das obras) financiamento com a Caixa Econômica. Chega a soar patético comemorar recuperar a capacidade de endividamento quando o desejo é por uma administração capaz de investir.
A mudança mais significativa da gestão de Rosalba foi o ataque ao Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (SINDSERPUM) com o objetivo de sufocar financeiramente a entidade.
Uma boba perda de tempo. Um espetáculo de autoritarismo vulgar.
A prefeita insiste na tática ultrapassada de não dialogar, de passar sobre a Câmara Municipal como um rolo compressor e de perseguir políticos adversários e jornalistas. Esse disco já deveria ser virado ou, melhor, trocado por um aplicativo de música.
Modernize-se, Rosalba.
De positivo no ano, diria que a realização do Mossoró Cidade Junina, o mais bem organizado dos últimos anos. A decoração natalina também ficou supimpa.
Mas o povo quer calçamento decente no bairro, não ter que madrugar nas filas para marcar consultas e matricular filhos em escolas públicas, políticas sociais e orgulhar-se de ter uma gestora democrática e frente dos rumos da cidade.
Rosalba falhou na missão de liderar Mossoró. Segue omissa em relação ao desmonte da Petrobras, não se incomoda com o desemprego e só mostrou alguma capacidade de reação para levantar a voz contra o Programa de Estímulo ao Desenvolvimento Industrial (PROEDI).
Sobre esse tema a prefeita passou um dos maiores vexames de sua carreira política ao tentar culpar o Governo do Estado pelo atraso da folha de outubro culpando as perdas nos repasses do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A perda foi de pouco mais de R$ 500 mil, ínfima diante do total da folha de servidores.
A gestão de Rosalba segue sem uma política de emprego, sem programas sociais e com indiferença arrogante sobre os grandes temas de Mossoró.
As dívidas com a previdência seguem subindo a galope e já ultrapassam os R$ 24 milhões. A prefeita também atrasa os pagamentos dos parcelamentos estão atrasados.
O ano de 2020 é crucial para Rosalba e seu clã político. Apesar de não ter cumprido a promessa de fazer Mossoró dar certo ela lidera as pesquisas de intenção de voto e se beneficia de uma oposição desarticulada. Mas o fantasma da alta rejeição e desaprovação administrativa é um problema que vai lhe perseguir ao longo pleito vindouro.
Apesar de mais um ano sem conseguir arrumar a casa como prometera, Rosalba sobreviveu a 2019.