Ruas pintadas de verde e amarelo, bandeiras postas nas janelas e camisas da canarinha estão por todos os cantos…

Sport Club Brasileiro e Casino Realengo Futebol Clube, dois times de futebol feminino, disputaram a primeira partida de futebol feminino no país em 1940 (Foto: Jornal Correio Paulistano/Acervo Fundação Biblioteca Nacional)

Por Tales Augusto*

É comum vermos tal adoção de costumes quando temos a Copa do Mundo, nas Olimpíadas não vemos adornos assim, porém, depois do fracasso ano passado no Catar, por quais motivos não temos a adoção desse afeto e identificação com nossa seleção?

“Ah, o futebol feminino é chato, mesmo forte que o masculino…”, “Querem forçar a barra e lacrar para que venhamos assistir ou gostar do futebol feminino…”, são só algumas frases que ouvimos quando falamos do esporte que é a maior paixão nacional. Contudo, o que falta, ou melhor, o que faltou para que as Mulheres tivessem no futebol também seu espaço?

Fora do Brasil, as Mulheres nunca tiveram vida fácil para sobreviver as violências diversas e uma violência, também é não ter liberdade para a prática desportiva. Na Grécia antiga nas Olimpíadas, elas não participavam e nem podiam assistir. Passados séculos, só em 1900, elas começaram a ter espaços nos esportes. A condessa Hélène de Pourtalès, inclusive foi medalhista junto a alguns homens. Já a tenista britânica Charlotte Cooper, foi a primeira a vencer em categoria individual.

Mas no Brasil, como o futebol ganhou espaço entre as Mulheres? É até estranho, mas antes do decreto de 14 de abril de1941 dentro da Ditadura Varguista do Estado Novo as mulheres jogavam futebol.  Porém, o DECRETO-LEI Nº 3.199, DE 14 DE ABRIL DE 1941 no seu artigo 54 previa que “Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país”.

Enquanto as mulheres eram proibidas, Vargas tomava para si o carnaval e o futebol, duas importantes marcas do Brasil. E se acham que tais restrições eram postas só para as jogadoras, as árbitras de futebol também eram impedidas de participar dos jogos de futebol. Um dos casos mais notórios foi da Lea Campos, presa 15 vezes por querer praticar e arbitrar futebol. O famigerado João Havelange teria dito a seguinte frase sobre a Lea, “puta merda, essa mulher não desiste nunca”. Vale nota que a primeira eleitora do Brasil, também foi árbitra de futebol, a Celina Guimarães Viana.

Só mais de quatro décadas depois as amulheres voltariam a ter liberdade para jogar. O Corinthians hoje se destaca nacionalmente e internacionalmente, há inclusive por parte da CBF que os times mantenham times femininos continuamente e não mais apenas para torneios ou campeonatos.

E quando recordamos títulos de melhores jogadores do mundo pela FIFA, o último brasileiro que ganhou foi Kaká em 2007. Enquanto isso, a Rainha Marta, ganhou nada mais, nada menos que 6 bolas de ouro, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2018.

Este ano de 2023 é marcado pela adoção do ponto facultativo para servidores públicos federais, o presidente Lula tomou esta decisão. Já a governadora Fátima, seguiu na mesma esteira e os servidores públicos estaduais terão ponto facultativo também. Muitos reclamaram, pois não veem sentido nesta medida, porém, quem sabe tal estímulo, não venha a estimular mais que a audiência e torcida pelas nossas representantes. Espero que em Mossoró e natal, os prefeitos tenham tal sensibilidade para com seus servidores e por fim, o recado vai para você homem. Presentear uma filha com uma bola ou se ela mesmo quiser jogar futebol, estimule-a, deixe ela livre. E mulheres, SEU LUGAR É ONDE VOCÊ QUISER…

Segunda cedinho acompanharei e torcerei pela nossa seleção!

*É Historiador, professor efetivo do IFRN, autor do livro História do Brasil para Iniciantes. Pesquisador nas áreas de História Local e Êxito escolar de Pessoas Oriundas das Classes Populares. Contato instagram: @professortales.

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