Recebi esse texto de um amigo/leitor que por ser muito discreto preferiu que seu nome exposto, mas como não poderia omitir do nosso público uma análise tão bem elaborada abro uma exceção e publico sob anonimato.
Segue:
Esse ditado popular comumente é usado para ilustrar uma espécie de conformismo ou submissão da mulher em uma relação conjugal abusiva. De fato, o ditado remete à um contexto de sociedade machista, patriarcal e eivada de símbolos que remontam o quão difícil é a vida da mulher.
Pois bem, talvez não seja este um bom preâmbulo, um bom ponto de partida para a análise sobre o quadro eleitoral do RN em 2022. Contudo, ao final compreenderemos onde se encaixa a aplicação da expressão.
Em se tratando de sua sucessão, resta meio evidente que a governadora Fátima Bezerra desfruta de um certo favoritismo, ora por conta de sua resiliência política e alguns resultados administrativos, ora pelo verdadeiro vácuo existente no campo da oposição, aliado ao fracasso do bolsonarismo no Rio Grande do Norte.
Isto posto, resta também evidenciado que Carlos Eduardo surge (ou ressurge) como o candidato mais competitivo frente à governadora. Seja por conta do seu recall ou até mesmo pelo fato de não existir sequer uma candidatura sólida (ou os dois), Carlos Eduardo transita numa dupla faixa política. Por um lado, flerta com o governismo em busca da tão sonhada vaga ao Senado e, por outro, mantem-se firme em sua caminhada como alternativa ao governo na oposição.
Caberiam aqui outras análises e possibilidades. Sim, caberiam. Entretanto empreendo-me tão somente em abordar esse “detalhe” importante que vem constantemente emergindo no cenário político estadual: Carlos Eduardo ser o candidato de Fátima ao Senado Federal. Mesmo diante dos protestos internos do PT, existe sim a possibilidade de uma união. Para alguns seria um xeque-mate de Fátima, pois além de imobilizar Carlos Eduardo e retirá-lo do páreo para o governo, tiraria também Álvaro Dias, haja vista o fato de sua vice ter ligações familiares fortes com seu antecessor.
A renúncia de Álvaro para disputar o governo representaria, por conseguinte, entregar a prefeitura nas mãos de Carlos Eduardo. Seria, portanto, o cenário mais tranquilo (em tese) para Fátima.
Mas por qual motivo, então, o PT está quase implodindo só com o ventilar de tal aliança? Simples, explico: Carlos Eduardo, eleito senador, representaria um problema para os planos de manutenção do PT em 2026. Ora, se sem mandato Carlos Eduardo já representa um risco à reeleição de Fátima, imagine empossado Senador da República, com oito anos pela frente e sem precisar renunciar em 2026. Seria o mesmo caminho tomado por Fátima quando eleita senadora em 2014.
Paira também uma natural desconfiança neste casamento, fruto não só do duplo oportunismo, comum e conveniente aos futuros noivos, mas, sobretudo, pelo fato de que Carlos Eduardo tem luz própria na política e não abriria mão de sua candidatura ao governo em 2026, não existindo acordo político que o dissuadisse de tal objetivo.
Assim sendo, se é ruim um cenário eleitoral para Fátima com Carlos Eduardo como adversário, nas condições postas e ventiladas nos últimos dias, pior será tê-lo como aliado.
Ou seja, para o PT e suas pretensões, ruim com ele candidato ao governo, pior sem ele. É melhor disputar o governo contra Carlos Eduardo do que ganhar o senado com ele!
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