
O dia é 1º de fevereiro de 2007. Nesta data os deputados estaduais tomaram posse e elegeram Robinson Faria para presidir a Assembleia Legislativa pela terceira das quatro oportunidades em que esteve no cargo.
No discurso, bem escrito por sinal, Robinson Faria alertava que era questão de tempo a Petrobras deixar o Rio Grande do Norte. O legado não passaria de um tremendo passivo ambiental para o nosso Estado.
Faria tinha razão e o cenário que parecia distópico e distante se concretizou.
Naquela mesma data Fábio Faria assumia o primeiro dos quatro mandatos como deputado federal usando na campanha uma versão de uma música da banda Ferro na Boneca em que a palavra “Patifaria” era trocada por “Vote Fábio Faria”.
De fato o Rio Grande do Norte não se preparou para a saída da Petrobras. Os ex-governadores Tarcísio Maia, Lavoisier Maia, José Agripino, Geraldo Melo, Garibaldi Filho, Wilma de Faria, Rosalba Ciarlini e Robinson Faria (o mesmo autor do discurso citado no início do texto) não planejaram nada neste sentido. Com Fátima Bezerra não foi diferente.

Agora Fábio, que sempre foi omisso sobre o grandes temas do Estado, na função de ministro influente no Governo Bolsonaro não procurou o presidente para fazer uma intervenção para manter a Petrobras no Estado. Nem ele nem Rogério Marinho, que goza do mesmo status.
Fábio em vez de fazer uma autocrítica, calculou a fala e o argumento retórico para jogar a culpa na governadora e inflamar o bolsonarismo local que anda caçando argumentos na terra de Poti. “Na gestão da atual governadora, grandes empresas já deixaram ou ameaçam abandonar o Estado devido à sua incapacidade administrativa, como a Inframérica, que desistiu do Aeroporto de São Gonçalo”, disse ao Agora RN.
Ele não cita as outras grandes empresas e a que ele cita não deixou o por dificuldades com o Governo do Estado e sim pela crise econômica impactada pela queda no tráfego de passageiros e pela defasagem nas tarifas de navegação. Outro ponto que pesa contra o aeroporto é a distância dele para Natal. Fábio até ensaiou usar seu prestígio para reverter a saída da Inframéerica do Aeroporto de São Gonçalo em nível de Agência Nacional de Aviação (Anac) que onde se resolveria o impasse.
Ficou na promessa.
A gora é um fato que no governo do pai de Fábio, a Ambev fechou a fábrica dela no Rio Grande do Norte gerando uma perda de 300 empregos. Neste caso foi obra e graça de Robinson Faria que decidiu aumentar as alíquotas do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Em 2015, o empresário Flávio Rocha, repetiu a declaração que dera na gestão de Rosalba: o RN é o pior ambiente para se fazer negócios.
Voltando a Petrobras, a colega Thaisa Galvão relatou que em 2017 já estava em curso o desmonte da Petrobras no Rio Grande do Norte com os investimentos despencando 77%. Ela resgatou matérias em que Robinson fazia o mesmo que Fátima está fazendo: tentar se reunir com os dirigentes da estatal para reverter o quadro.
Robinson cumpria o papel de cobrar exatamente como Fátima faz hoje. É pouco? É.
O ministro Fábio Faria prestaria um serviço mais relevante ao Rio Grande do Norte se deixasse de lado a retórica que só ganha eco em ouvidos bolsonaristas e desavisados e em vez disso buscasse uma conversa com Bolsonaro para convencer o presidente a mudar a estratégia da Petrobras em nosso Estado mantendo o seu funcionamento e retomando os investimentos que entraram em declínio nas gestões petistas.
O problema é que Fábio apoia a saída da empresa para ser substituída pelo capital privado pagando a tabela mínima dos royalties, gerando menos empregos e detonando algo em torno de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Norte.
Quando não se tem argumentos se vai ao ataque. Fábio não tinha o que mostrar em relação a ações para manter a Petrobras no Estado.
Confira as fontes pesquisadas para este artigo: