Sesap RN divulga novo boletim e alerta para riscos de aglomerações

Ao divulgar os dados do boletim epidemiológico desta segunda-feira, 20, a Secretaria da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (SESAP RN) chamou a atenção para os riscos causados pelas aglomerações registradas recentemente, que podem levar ao aumento dos números do novo coronavírus nos próximos dez a 14 dias. O alerta foi feito pelo secretário adjunto de Saúde, Petrônio Spinelli, em entrevista coletiva realizada no Centro Administrativo, em Natal.

De acordo com Petrônio Spinelli, até a manhã de hoje o Estado registrou 595 casos confirmados de Covid-19 em 146 cidades. 27 mortes foram registradas no boletim epidemiológico da SESAP e sete óbitos estão em observação. Outro óbito foi confirmado pelo secretário, mas ainda não consta no boletim epidemiológico divulgado hoje. O boletim também menciona 161 pessoas recuperadas (números sujeitos a alterações conforme envio de informações por parte dos municípios). Em 151 cidades do RN foram registradas notificações. Atualmente, são 2.785 casos suspeitos e 2.541 descartados no Estado.

Com  relação às internações, Petrônio Spinelli informou que há 91 pessoas internadas, entre leitos de hospitais públicos e privados do Estado.

Segundo ele, hoje o RN conta com 98 leitos críticos na rede estadual, voltados para pacientes com sintomas do Covid-19, com uma taxa de ocupação de, aproximadamente, 22%.

O secretário adjunto comenta que o fato de não haver colapso no Sistema de Saúde do RN é resultado das ações normativas, através dos decretos, ou da conscientização da população. Mas os dados não devem ser usados para um relaxamento das medidas de segurança. Spinelli chama a atenção para os riscos que as aglomerações podem ocasionar e para a tendência de que a doença se espalhe para o interior e as periferias, onde a situação é mais difícil.

“Quando a gente vê um diagnóstico agora ele é uma fotografia de uma coisa que aconteceu a dez, 14 dias atrás. Isso é fundamental que todo mundo compreenda, porque senão a gente vai ter uma falsa impressão de tranquilidade. Nos últimos dias nós estamos enfrentando um processo extremamente preocupante de aglomerações. As aglomerações em função da sobrevivência, das dificuldades para receber recursos, isso está acontecendo. É triste, no sentido humano das pessoas passarem a noite em filas, mas é triste do ponto de vista da epidemia a gente perceber que essas aglomerações de hoje vão ter repercussão daqui a dez, 14 dias e isso é muito grave”, enfatizou Petrônio Spinelli.

O secretário adjunto também falou sobre as concentrações provocadas pela mobilização agendada para o domingo passado, 19. “Nesse final de semana nós tivemos uma aglomeração adicional. Um conjunto de pessoas resolveu ir às ruas protestar, enfim, se posicionar politicamente, mas com risco muito grande, que é o que nos interessa na Saúde, de possibilitar um aumento daqui a alguns dias de enfermidades nesse grupo também”, acrescentou.

Para o secretário, este é o momento em que a população precisa entender que o quadro atual, em que não há colapso no Estado, pode ser neutralizado se as pessoas não entenderem que é necessário, inclusive, compensar o que houve durante o final de semana. Ele destaca que essa é a hora de reforçar o isolamento horizontal, ver as flexibilidades que possam ocorrer e intensificar a proteção aos idosos.

 

Mudança no perfil social da pandemia

Durante a coletiva, Petrônio Spinelli também fez uma reflexão, alertando para um ponto observado nos estados com o sistema de Saúde em colapso que pode chegar ao RN. “Quando a gente olha para os estados onde o sistema está em colapso ou está perto do colapso tem uma característica que tem possibilidade de chegar no Rio Grande do Norte. Manaus, Ceará, São Paulo são estados onde houve uma mudança do perfil social da epidemia. Então, antes eram muito mais pessoas que viajavam, pessoas que tiveram contato fora do País, fora do estado, agora, nesses estados, a contaminação comunitária e na periferia é que é o forte, isso está levando a mortes gigantescas de pessoas exatamente nas periferias e isso é extremamente preocupante”, observa.

“Esse foi um fenômeno que aconteceu em Nova York também, enquanto estava na classe média, na classe alta, a epidemia tinha um certo controle porque as pessoas tinham acesso, inclusive, aos meios de tratamento. Quando ele foi para as periferias as mortes explodiram em Nova York e essa tem sido uma característica aqui no Rio Grande do Norte, o deslocamento da epidemia para a periferia e para o interior. Lembrando que esse movimento de ir aos bancos, ir às lotéricas em busca do auxílio aumenta mais ainda essa preocupação, porque além da questão quantitativa tem a questão qualitativa”, dstacou Spinelli.

“Não é só porque foi muita gente para as ruas, é porque essas pessoas que foram para as ruas ainda eram, de certa forma, um público preservado e que o fato de terem ido a essas filas pode realmente explodir a infecção, a contaminação e potencialmente pacientes graves nos próximos dez, 15 dias na periferia”, explicou o secretário adjunto.

Secretário adjunto de Saúde, Petrônio Spinelli fala sobre os números do Covid-19 no RN – Foto: Demis Roussos

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto