Sofrimento do povo

Maria José é uma dona de casa. Meia idade, pobre e dependente do poder público, principalmente em questões de saúde. Sofrida, ela precisa de um tratamento que a rede pública de Mossoró não oferece.

Para se tratar ela precisa de deslocar de madrugada para Natal onde com muito esforço consegue uma ficha.

Sim. A cidade que reclama porque atende pessoas dos municípios vizinhos também exporta doentes.

Maria José, acorda cedo e vai a Natal em busca de atendimento. O ônibus que a Prefeitura de Mossoró cede para transportar os pacientes se atrasa. Ela chega fora do horário previsto. Antes examinada ela tinha que passar por alguns procedimentos preparatórios.

O problema é que ela se atrasou e tudo terminou somente às 9h quando a médica já tinha ido embora. Sensível com a história de Maria José, a atendente a “encaixa” na parte da tarde. Aí surge outro problema. O motorista que traz os doentes de Mossoró para se tratarem em Natal só espera até às 13h. Quem chega depois desse horário corre o risco de dormir numa das calçadas da capital.

Resultado: o esforço de Maria José foi em vão. Ela vai ter que fazer tudo de novo na próxima semana.

A história é verdadeira. Aconteceu hoje no Hospital Onofre Lopes. O nome de Maria representa as “Marias” e os “Josés”  que sofrem todos os dias em busca de um atendimento digno tão raro num sistema de saúde sob a batuta de uma classe política que trata uma dor de barriga no luxuoso Sírio Libanês, em São Paulo.

A vida do povo é sofrida.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto