O tema era corrupção. Aliás trata-se do caso que está desmoronando a imagem de político honesto que nunca fez sentido colar na figura de Jair Bolsonaro.
O depoimento dos irmãos Miranda sobre a compra de vacinas superfaturas da Covaxin parou o país na sexta-feira e o político do Rio Grande do Norte mais identificado com o combate à corrupção, ou ao menos o que tem este assunto como sua principal pauta, acabou levando falta da CPI da covid-19.
Enquanto os irmãos Luiz Miranda e Luiz Ricardo Miranda revelavam ao país que o presidente Jair Bolsonaro fez vista grossa à compra de vacina superfaturada Styvenson Valentim (PODE) estava mais uma vez distante da CPI.
Não, ele não é obrigado a ir. Mas o que quero resgatar aqui é uma declaração do próprio de que focaria suas participações na comissão quando o tema fosse corrupção.
Está claro que ele quer aparecer apenas quando o tema envolver governadores e ex-governadores como o fluminense Wilson Witzel, quando tentou finalmente estrear na CPI.
Enquanto a CPI troava, o senador gravava vídeo nas redes sociais com um tema nobre: o relato sobre a situação em duas comunidades carentes de Natal que tiveram a situação agravada com a crise sanitária. Ele esteve nos locais distribuindo mantimentos.
Nisto, reconheço e parabenizo o parlamentar. Mas dava para entrar na CPI de forma remota e fazer sua contribuição.
Por outro lado o silêncio dele sobre o depoimento dos irmãos Miranda e a falta de firmeza quando o tema é sobre a corrupção no Governo Bolsonaro causa estranheza até em jornalistas como este que vos escreve que não enxergam nele um bolsonarista.
Em entrevista ao jornalista Túlio Lemos ele fez questão de poupar Bolsonaro do tema corrupção chamando-o de “louco” e “mentiroso”, deixando apenas para Lula a alcunha de ladrão e não é qualquer um: o “maior que já teve no Brasil”.
E olhe que Styveson está ciente sobre a falta de compromisso de Bolsonaro com o combate à corrupção. “Prometeu um monte de coisa e não cumpriu. Disse que ia intensificar o combate à corrupção e não fez. Desandou tudo. Disse que não ia ceder ao toma lá dá cá e o que vejo é um festival de distribuição de emendas”, falou à Túlio Lemos.
Bolsonaro tirou a independência do Ministério Público, vem aparelhando a Polícia Federal e destruindo toda uma estrutura de combate à corrupção sem grandes reações do senador.
Por fim deixo uma pergunta: o combate à corrupção do senador é seletivo?