Surto de incompetência ou crise?

Crise é uma realidade quase que permanente na economia brasileira. Maior ou em menor grau estamos nessa condição o tempo todo.

Mas porque 2012 elegeu uma geração de prefeitos que não pagam salários em dia no Rio Grande do Norte? Atrasar salário está virando regra. Onde tinha carnaval não pode mais ter porque os gestores ficaram sem condições morais de realizar a festa.

Será um surto de incompetência? O discurso da crise cola ou é apenas pano de fundo para justificar as falhas no serviço público?

Em Natal, Carlos Eduardo (PDT) vai firmando o nome no panteão dos grandes prefeitos da capital sobretudo por um cabo eleitoral chamado Micarla de Sousa. Ela fez uma gestão catastrófica em um momento em que o Brasil surfava na onda do crescimento lulista. Carlos antes tinha surfado nos tempos da “marolinha” e se capitalizou para voltar a governar Natal quatro anos depois.

Hoje ele goza de popularidade, mas não escapa dos efeitos da crise. A folha de fevereiro foi paga no dia 5, coisa que, por exemplo, nunca aconteceu nos tempos de Micarla.

Em Areia Branca os salários atrasados já chegam a dois meses. A maioria dos prefeitos comemoram como um gol de placa quando pagam dentro do mês.

A geração de prefeitos eleitos em 2012 não tem nenhum que se destaque, que se sobressaia nesses tempos de crise. Nem mesmo José Júlio (PSD) que se superou na outra vez que governou Antonio Martins tem aparecido bem nesse mandato em que ele não conta mais com o apoio da hoje senadora Fátima Bezerra (PT).

Até mesmo Flaviano Monteiro (PC do B), que foi um dos poucos prefeitos a realizar carnaval de grande porte e dobrou o número de postos de saúde em Apodi, escapa do desgaste.

Mas nenhum caso supera Mossoró em desgaste. O prefeito Francisco José Junior (PSD) ultrapassa a marca dos 70%. A gestão tem pago a folha com extrema dificuldade e está atrasada com fornecedores e terceirizados.

A meu ver o prefeito enfrenta essas dificuldades por ter assumido a responsabilidade que deveria ser do Governo do Estado na saúde e na segurança.

O caso da segurança é óbvio. Na saúde o problema foi assumir o atendimento de média e alta complexidade que consome 50% do orçamento.

Isso explica parte da crise administrativa. A outra justificativa se ancora na justificada da frustração de receita. Some-se a isso tentativas de mudar a realidade da cidade que não deram o resultado como o deslocamento dos taxis intermunicipais, localização dos camelôs do Centro e o transporte público. O resultado é a impopularidade recorde. Tardiamente o prefeito tenta tomar medidas que deveria ter tomado há um ano.

O tempo dirá se tivemos uma geração de prefeitos vítimas da crise ou um surto de incompetência cujo vetor foram as escolhas do eleitor em 2012.

Comments

comments

Reportagem especial

Canal Bruno Barreto