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Investigação da Polícia Federal encontra indícios de que Girão sabia de articulação golpista ao prometer “Papai Noel camuflado”

O cerco está se fechando sobre o envolvimento do deputado federal General Girão (PL) no movimento golpista articulado logo após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) para o presidente Lula (PT) no dia 30 de outubro.

A Polícia Federal identificou uma série de posts em que o deputado estimula a sanha golpista do bolsonarismo tendo como destaques a sugestão para formar uma organização paramilitar de CACs (Caçadores, Atiradores e Colecionadores) e uma fala na semana do atentando à bomba fracassado no Aeroporto de Brasília.

Há uma série de posicionamentos de Girão que coincidem com os eventos ocorridos em 12 e 24 de dezembro, além, claro, do golpe fracassado de 8 de janeiro.

Em 6 de dezembro, Girão escreveu no Twitter que homens e mulheres poderia formar um efetivo mobilizável para as forças armadas. Vários bolsonaristas se cadastraram no Exército, achando que estavam sendo convocados para um golpe, conforme reportagem do Portal Metrópoles.

No dia 12, data da diplomação de Lula, bolsonaristas queimaram carros e ônibus em um protesto cujo pretexto seria a prisão de um suposto líder indígena.

No dia 19 de dezembro Girão fez um discurso, documentado em vídeo, na porta do 16º Batalhão de Infantaria Motorizado (16 RI), em que promete aos golpistas de porta de quartel um presente de Natal vindo de um “Papai Noel Camuflado”. “Eu quero dizer para vocês que essa semana é a semana que tá começando as festividades de Natal. Sim ou não? Então, todo mundo aqui eu espero que tenha sido bom filho, bom pai, bom irmão, boa esposa e aí botem o sapatinho na janela que Papai Noel vai chegar essa semana. Acreditem em Papai Noel. Pode até ser camuflado também”, afirmou.

No final daquela mesma semana, na véspera do Natal, George Washington de Oliveira Sousa, o “Marabá”, faria um atentado a bomba fracassado no Aeroporto de Brasília.

O atentado só não teve sucesso porque o motorista de um caminhão-tanque de combustível percebeu que o artefato estava no veículo e acionou a polícia.

“Marabá” foi condenado a nove anos e quatro meses de prisão.

Antes do ato, Washington chegou a pedir a Girão apoio dos CACs nas ações golpistas.

No dia do golpe fracassado de 8 de janeiro, horas antes da intentona na Praça dos Três Poderes, Girão postou um vídeo nas redes sociais em que afirmou que “Estão transformando a proximidade da Praça dos Três Poderes/Brasília numa FORTALEZA MEDIEVAL” ao se referir as medidas de segurança tomadas para conter os golpistas.

Ao pedir abertura de inquérito contra Girão a Polícia Federal alega estar certa de que o deputado “parecia estar ciente de que algo importante para ele e seus seguidores estava prestes a acontecer”.

Na última quinta-feira a Procuradoria-Geral da República atendeu ao pedido e solicitou autorização ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para investigar Girão.

O pedido foi atendido.

Outro lado

O deputado enviou nota ao Blog em que nega relações com George Washington e lamenta a situação. Ele recorre a uma fala de Lula para questionar se para a mída a democracia é relativa.

Confira a nota:

Primeiramente, não houve em nenhum momento ligação da minha pessoa ao acusado. Ele esteve presente em uma audiência pública no Senado Federal, onde eu também estive, junto com outra dezena de parlamentares. Não o convidei, não fui eu quem autorizei sua entrada e nunca lhe proferi palavra alguma.

Em segundo lugar, em relação às mensagens localizadas no celular do acusado e direcionadas a mim, informo que minhas redes sociais são públicas e abertas para comentários e mensagens diretas. Como defensor da liberdade de expressão, não privo minhas redes de receberem mensagens, até mesmo críticas. Recebo milhares de mensagens diariamente e, em sua maioria, nem eu e nem a minha assessoria conseguimos visualizar ou respondê-las. A mensagem atrelada ao processo é uma dessas. Não foi visualizada. E, pelo seu teor antidemocrático, se fosse visualizada, certamente, seria descartada. Pois não condiz com a atuação do meu mandato, do meu caráter e nem com a Constituição.
Nos preocupa que acusações sem provas sejam “recolhidas” sem o mínimo de responsabilidade possível e sem dar o direito de defesa, que seria o caminho natural no nosso regime democrático. Ou será que esses órgãos de “mídia”, assim como Lula, entendem que a democracia é relativa?

General Girão
Deputado Federal – PL RN