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Diplomacia resolve a questão e 13 potiguares embarcam em voo da FAB, mas mídia natalense insiste que tudo foi graças a agência de turismo

Por volta das 12h30 de hoje decolou da cidade Tel Aviv, capital de Israel, o segundo voo de resgate com 214 brasileiros repatriados em voo da Força Aérea Brasileira (FAB).

Trata-se de um esforço diplomático do Itamaraty para garantir o retorno dos brasileiros residentes no Brasil em segurança.

Neste segundo voo estão 13 natalenses que estavam em viagem a Israel. Desde o primeiro ataque terrorista do Hamas, no sábado, o grupo tem sido marcado por situações constrangedoras em cada tentativa insensível de tentar tranquilizar os familiares por parte da agência de turismo Arituba.

O dono da empresa, Abdon Gosson, chegou a pachorra de divulgar uma nota que o retorno se deve ao empenho pessoal dele e de sua empresa e boa parte mídia natalense embarcou nessa comédia pastelão que faz marketing em plena tragédia humanitária no Oriente Médio.

A verdade é que o Brasil foi o primeiro país a resgatar seus nacionais graças a eficiência de seu corpo diplomático a ponto de estar fornecendo orientações a outros países como Chile e Paraguai.

Numa situação dessas, agência de turismo tem zero influência e ajudaria não espalhando desinformação para se promover.

Que saco!

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A “influencer”, o padre e o dono de agência de turismo: entenda por que a vergonha instagramável dos natalenses é contenção de danos para preservar um negócio

Um grupo de natalenses passou um perrengue ao chegar em Israel na véspera dos ataques do Hamas. O que era para ser dias de descanso, viraram dias de pesadelo e ao mesmo tempo um show de alienação típica da futilidade instagramável, que glamouriza até uma guerra.

Pior, torna uma tragédia humanitária uma oportunidade de “vender o peixe” bem ao estilo “trabalhe enquanto os outros dormem”, mandamento dos coachs do capitalismo.

A “influencer” Marcelinha Nogueira virou notícia por gravar um vídeo em que fala tranquilamente, com o ar de quem está em situação de privilégio, que está em segurança e até vai curtir o pôr do sol em pleno país em guerra.

O vídeo pegou mal, ela gravou outro com cara de choro e não satisfeita esteve em outra gravação ao lado do padre Francisco Fernandes e do empresário Abdon Gosson, dono da Arituba Turismo.

O clérigo anuncia que mesmo no meio do conflito armado vai dar para rezar uma missa. O vídeo (veja abaixo) é uma peça de marketing tanto que enquanto Marcelinha fala, imagens de turistas transitando por Israel tranquilamente.

Em outro trecho o empresário aproveita para dizer que a “Arituba está prestando toda a assistência”, enquanto começa a se vender a ideia da importância de viajar com o respaldo de uma agência de turismo.

É um típico “marketing de guerra”.

Não é por acaso!

A Arituba vende pacotes para a “Terra Santa”. São peregrinações chiques, para os católicos abastados, que vão acompanhados dos padres mais badalados da capital.

Há ali uma clara intenção de preservar o negócio ao dizer que apesar da guerra, ali está em paz. Existem pacotes já vendidos e outros por vender.

Podemos falar que há na abordagem, da falta de empatia, da insensibilidade e da forçada de barra para mostrar normalidade em um país onde os bombardeios não cessam. Mas essa forçada aí é uma jogada ensaiada para não assustar os clientes. O desgaste foi um risco para conter danos que pela repercussão negativa não colou.

A tentativa de naturalizar a guerra para passar uma sensação de tranquilidade instagramável para preservar os negócios de uma agência de turismo foi uma das situações mais vergonhosas que presenciei em 20 anos de jornalismo.

Tudo isso sendo visto de forma acrítica pela maior parte da mídia do Estado.