Uma série de denúncias de assédio moral levou o Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Norte a abrir um inquérito civil contra o Sicoob Potiguar, cooperativa financeira com mais de 8 mil associados no Rio Grande do Norte.
As denúncias mostram que os casos de assédio vêm acontecendo desde 2023 e têm partido do novo diretor executivo da instituição e do vice-presidente.
Segundo relato de funcionários, ex-funcionários e associados da cooperativa, há episódios de demissão de funcionária em período puerpério, humilhação pública de funcionário idoso, comportamento abusivo com mulheres, gritos e falas desmoralizantes à equipe e perseguição aos colaboradores que levaram as queixas à ouvidoria.
Um dos casos relatados aconteceu na agência de Mossoró, onde a vítima foi um funcionário com mais de 35 anos de experiência bancária. O senhor foi humilhado com gritos e gestos de intimidação, no meio da agência, na presença de colaboradores e do vice-presidente, que não somente deu razão como depois fez piada da situação.
Após o episódio, para evitar denúncias internas, o diretor executivo fez uma demissão em massa na agência, tirando da cooperativa todos os funcionários que testemunharam o ocorrido.
À vítima de abuso foi dada uma licença médica por causa do estresse psicológico. Ao retornar ao trabalho no início desta semana, o funcionário recebeu sua ordem de demissão.
Em outro caso, desta vez na sede da cooperativa em Natal, o diretor executivo discordou aos berros de uma negociação que estava sendo feita com um cliente, levando a funcionária a ter uma crise de choro e não conseguir continuar com o atendimento. O episódio aconteceu na sala do diretor e não foi possível ser registrado pelas câmeras de segurança porque o diretor, desde o início da gestão, mandou retirar as câmeras de sua sala.
Agora que o problema se tornou público e o MPT foi acionado (processo Nº 0002412024210006), a Central Nordeste do Sicoob decidiu instaurar uma sindicância para apurar os fatos
Denúncias de assédio aumentam no Brasil
Matéria publicada neste mês de abril no jornal Valor Econômico mostra que as denúncias de assédio no trabalho aumentam 23%, em 2023, na comparação com o ano anterior, somando 188 mil relatos, entre casos de assédio moral, falta de tato para lidar com situações de pressão e brincadeiras de mau gosto.
Após investigação, uma a cada três acusações foi considerada procedente. Especialista ouvido pela reportagem recomenda que as empresas deem mais atenção ao que é revelado pelos canais de denúncias para desenvolver estratégias preventivas.