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Agenda para inserção do Brasil na economia global

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Por Robson Braga de Andrade*

O Brasil precisa avançar mais rapidamente no comércio internacional. O país é a nona economia do mundo, mas não se situa entre os 20 maiores exportadores e importadores. Além disso, perdemos quase uma década: as exportações de produtos básicos e industrializados diminuíram de 2011 para 2019. Para reverter esse quadro adverso, é preciso resolver problemas de duas ordens: de um lado, as questões estruturais que atrasam o nosso progresso e, por consequência, nossa competitividade internacional; de outro, os desafios específicos da política de comércio exterior do país.

Nesse contexto, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) lança, pelo quinto ano consecutivo, a Agenda Internacional da Indústria. Trata-se do maior conjunto de propostas de comércio exterior do setor empresarial brasileiro para o governo federal. A Agenda é resultado de um amplo processo de consulta ao agronegócio, à indústria e ao setor de serviços, incluindo federações estaduais, associações setoriais, sindicatos patronais e empresas.

O documento apresenta mais de 100 ações, divididas em quatro eixos: a modernização da política de comércio exterior; a prestação de melhores serviços de apoio à internacionalização das micro, pequenas e médias empresas (MPMEs); o aprofundamento do relacionamento com os mercados estratégicos; e a cooperação internacional. Desse conjunto, a CNI selecionou 10 prioridades, agrupadas em cinco frentes, que, por sua urgência e abrangência, têm impacto positivo significativo para o setor privado e para o Brasil como um todo.

Em primeiro lugar, é necessário dar seguimento à abertura comercial do país por meio da negociação de acordos comerciais e do aprofundamento da agenda econômica do Mercosul. Permitir o acesso ao nosso mercado de maneira negociada é muito melhor do que fazê-lo de forma unilateral, pois proporciona contrapartidas e períodos de transição, essenciais para que as empresas façam os necessários ajustes à nova situação de competição.

Em seguindo lugar, é preciso dar andamento ao processo de ingresso do país na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de forma a melhorar o ambiente de negócios, assim como apoiar a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC). A paralisação do Órgão de Apelação da OMC, por exemplo, é um problema grave, que mina a capacidade brasileira de combater práticas comerciais ilegais por parte dos outros países.

Outra medida fundamental é garantir que a reforma tributária assegure a imunidade total das exportações de bens e serviços, eliminando os problemas de cumulatividade e de compensação de créditos. Não faz sentido exportar impostos, uma prática sem base econômica e inconstitucional. Por isso, a CNI ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para fazer valer a imunidade tributária das exportações estabelecida na Constituição Federal. Também é importante revisar a Lei de Lucros no Exterior para permitir que as multinacionais brasileiras possam competir em igualdade de condições.

É urgente, também, concluir programas já iniciados, como o Portal Único de Comércio Exterior; manter instrumentos que têm efeito positivo comprovado, como o sistema público de financiamento e garantias às exportações; e desengavetar medidas que dependem apenas da chancela presidencial, como a modernização do decreto para combater subsídios de outros países que promovem comércio desleal na agriculta e, sobretudo, na indústria.

Por fim, cabe maior coordenação entre as organizações públicas e privadas de apoio empresarial para oferecer serviços de internacionalização para MPMEs. A CNI desenvolveu, com recursos da Comissão Europeia, uma metodologia premiada de atendimento às empresas de médio e pequeno porte, transferida para o Ministério da Economia em 2018. A meta é implementá-la em todo o território nacional, numa parceria com o Sebrae, a Apex-Brasil e o Ministério das Relações Exteriores.

Para vencer os desafios no cenário comercial global, o governo brasileiro, à luz da experiência de países como os Estados Unidos, deveria adotar uma Estratégia Nacional de Comércio Exterior, com metas claras e mensuráveis. Ninguém melhor do que os empresários, que estão na ponta das operações, para diagnosticar o que precisa mudar nessa área. Por isso, a adoção das medidas prescritas na Agenda Internacional da Indústria contribuiria imensamente para a inserção competitiva do Brasil no mundo, com vistas ao crescimento das exportações brasileiras e ao desenvolvimento econômico do país.

*É presidente da CNI

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Cenário Econômico para o Comércio Exterior em 2020

Por João Marcos Andrade*

Em 13 de dezembro deste ano, o vice-ministro de comércio chinês Wang Shouwen e o presidente norte-americano Donald Trump oficialmente posicionaram-se encerrando a temida expectativa que pairava sobre a aplicação das novas tarifas de 10% sobre importações americanas do país asiático, especialmente de produtos eletrônicos como smartphones, laptops, vídeo games, dentre outros.

O maior problema na verdade seriam os impactos dessas taxações, pelas retaliações que a China já havia sinalizado que iria impor, gerando muito provavelmente, um cenário praticamente sem um futuro definido nas operações de comércio exterior, haja vista a insegurança gerada a partir de inconstâncias nas “farpas” trocadas entre esses dois gigantes do comércio internacional.

O ano termina para o comércio exterior com esta notícia relativamente aprazível para os dois parceiros comerciais. Mas, por outro lado, provoca revisão de planejamento estratégico em vários exportadores brasileiros, argentinos e de outros países, que de certa forma se beneficiariam com a manutenção das sobretaxas entre os americanos e chineses, podendo enviar seus produtos a ambos sem as cobranças excedentes pelos fiscos dos dois países, justamente por possibilidade de abertura comercial a novos fornecedores — fato inclusive que demandou investimentos de exportadores brasileiros na criação de projetos e que agora precisam ser revistos.

No mercado doméstico, convivemos desde o dia 11 de dezembro com a menor taxa Selic desde a série histórica iniciada em 1999, o que de certa forma afugenta investidores externos em nosso território —especialmente em ativos financeiros, mas promove certo equilíbrio nos investimentos estrangeiros em ativos operacionais, como fusões e aquisições por aqui.

Prospectamos um 2020 bem mais seguro em termos de economia a partir de consolidações de projetos de desenvolvimento econômico no plano de governo federal. Porém, como diz Daniel Wainstein, presidente da Greenhill no Brasil (uma das maiores butiques globais de M&As), “a desvalorização do real afugentou investidores financeiros, mas esse cenário deve mudar. O Brasil está barato e a economia vai voltar a crescer. As pessoas podem até não gostar da agenda moral do presidente Bolsonaro, mas a equipe econômica agrada ao mercado financeiro e investidores”.

Sigamos! Que venha um ano de realizações tanto para quem importa quanto para quem exporta, fabrica, vende, investe ou educa. Enfim, que todos os setores da economia possam voar em ares mais serenos.

*É professor do curso superior de Global Trading do Centro Universitário Internacional Uninter.