
Um casal é suspeito de crime contra a saúde pública. Na casa deles, foram encontradas caixas de medicamento que tem como princípio ativo o tocilizumabe, prescrito por médicos em casos graves de Covid-19, e ainda remédios com datas de validade vencidas. O homem foi preso em flagrante e todo o material foi apreendido.
De acordo com as investigações do Ministério Público do RN (MPRN), o casal suspeito atuava em Mossoró. O homem é farmacêutico e a mulher trabalha em uma farmácia. As prisões fazem parte do trabalho da operação Hipoxemia, deflagrada pelo MP na manhã de hoje e que visa combater o comércio ilegal de medicamentos usado em casos de COVID-19
Para o MPRN, as atividades profissionais dos dois seriam utilizadas no comércio ilegal do tocilizumabe porque para comercializar a medicação é necessário, primeiro, conhecimento técnico (temperatura, acondicionamento, prescrição etc) e, segundo contatos com fornecedores (agentes públicos ou privados). A droga, cujo valor médio é de R$ 850, estaria sendo vendida por R$ 2.500 pelo casal.

Investigações – As investigações sobre a atuação do casal foram iniciadas no início deste mês. Os suspeitos, de acordo com o que foi apurado pelo MPRN, aguardavam o momento adequado para abordar as possíveis vítimas, aproveitando-se da alta demanda causada pela pandemia para conseguir vender os medicamentos à preços elevados.
Segundo especialistas o uso da medicação costuma ser emergencial, de modo que não se pode esperar dias para que a droga seja disponibilizada, do contrário a lesão pulmonar pode já ter se estabelecido. Em virtude dessa particularidade, as famílias preferem comprar a medicação para tentar garantir a administração no momento adequado.
A alta demanda pela medicação desencadeou sua escassez, tanto na iniciativa privada quanto no Sistema Único de Saúde (SUS). No meio médico, esse medicamento é usado para tratar casos refratários de artrite reumatoide, por exemplo. Além de reduzir o risco de morte em pacientes hospitalizados com Covid-19 em estado grave, a droga pode também diminuir o tempo de internação e a necessidade de ventilação, segundo constatou um estudo preliminar da Universidade de Oxford.
O material apreendido será periciado pelo MPRN. Os remédios deverão ser enviados para a Unidade de Central de Agentes Terapêuticos (Unicat) do Governo do Estado ou para a Secretaria de Saúde de Mossoró, onde serão cadastrados.