O prefeito Allyson Bezerra (UB) não vai ao tradicional debate da TCM. Trata-se do mais influente confronto de ideias das eleições em Mossoró.
Allyson sabe da importância dos debates, sobretudo para gerar cortes nas redes sociais. Ele mesmo acredita que venceu as eleições de 2020 por ter sido chamado de “Pobrezinho” por Rosalba Ciarlini (PP) no debate da TCM, ignorando seus próprios méritos e o fato de então prefeita estar profundamente desgastada e existir um sentimento antirosalbista na cidade.
Mas isso é assunto para outro texto.
Allyson teme ir ao debate para não ter que explicar o que não consegue. O debate tira dele o controle da narrativa que ele costuma impor nas suas redes sociais ou nas entrevistas em que costuma vetar a presença de jornalistas ou perguntas incômodas.
Allyson nunca precisou explicar por que o IPTU subiu tanto na gestão dele. Nunca precisou explicar por que o contribuinte com atraso nesse tributo é obrigado a pagar honorários de advogados privados mesmo sem a dívida ter sido judicializada.
Allyson nunca precisou explicar o motivo pelo qual manteve o seu “homem forte” Kadson Eduardo, condenado por falsificação de documento, por 15 meses irregular no cargo de secretário de planejamento e depois administração acumulada com cultura. O máximo que ele disse que assim que tomou conhecimento demitiu, o que não procede por que a exoneração foi à pedido. Allyson julgou o assunto encerrado.
Allyson teria que explicar por que nunca encontrou uma solução para o Nogueirão, que está fechado e fazendo o prefeito ganhar o apelido de “coveiro” do futebol de Mossoró. Há coisas escabrosas nessa história que um dia a cidade vai conhecer. O Ginásio Municipal Pedro Ciarlini é outra praça esportiva abandonada.
Allyson gastou uma fortuna para reformar o Teatro Municipal Dix-huir Rosado que está interditado.
Mas os problemas não param por aí. Allyson não quer prestar contas das obras atrasadas e da inconsistência nas prestações de contas ao TCE e TCU.
Allyson não explicou o motivo para pagar 363% a mais por coleta de lixo do que Campina Grande e 200% a mais que Petrolina, Mossoró tem o equivalente a 63% e 68% da população destas cidades de médio porte do interior do Nordeste.
Allyson não quer falar do gasto de R$ 18 milhões em aparelhos de ar-condicionado com mais da metade das escolas impossibilitadas de receber os equipamentos e por que só depois de 25 meses ele contratou por mais R$ 3 milhões uma empresa para corrigir o problema.
Allyson deve uma explicação sobre quase mil crianças estarem sem escola em 2024, conforme relatórios do MP e TCE. Ele precisa dar satisfação ao eleitor sobre as péssimas condições dos equipamentos da saúde, considerada ineficiente pela Folha de S. Paulo.
Allyson não explica nada disso em entrevistas porque ninguém pergunta ou quando pergunta não confronta as mentiras que ele diz. Nas redes sociais é tanto filtro que ofusca a verdade.
No debate seria diferente.
Não ir ao debate é uma demonstração de desrespeito ao direito do eleitor de ver o confronto de ideias, um gesto travestido de estratégia política que esconde um medo de ter que se explicar sobre o que não tem explicação.
Allyson pulou fora do debate porque sabe que perde menos levando falta. Se fosse seria massacrado pelos fatos porque os adversários não têm nada a ganhar passando a mão na cabeça mascarada pelo chapéu de couro que simboliza uma humildade fictícia.