Categorias
Matéria

A coragem de Pablo Aires!

O vereador Pablo Aires (PSB) anunciou que vai dar uma pausa no mandato para cuidar da saúde mental. Ele luta contra uma depressão. Não é para qualquer um admitir isso publicamente, ainda mais quando se é um político promissor como ele.

Os políticos mais antigos costumavam esconder as doenças. Depressão então, era um tabu no noticiário. Saber que fulano ou beltrana estava na “deprê” era um assunto em nível de fofoca de bastidores.

Admitir que estava enfrentando uma doença seria uma demonstração de “fraqueza” na visão das antigas gerações de políticos, mas Pablo é da nova safra de pessoas públicas e a mentalidade é outra. Os jovens de hoje não têm vergonha de admitir que está com depressão e que precisa dar um tempo para cuidar da saúde mental.

Ainda assim, o gesto de Pablo é um ato de coragem porque ele fez sabendo que passaria pelo “tribunal” das redes sociais e que seria motivo de piadinhas por parte dos colegas reacionários da Câmara Municipal.

A depressão assola muita gente e não é fraqueza, mas uma doença sobre a qual não temos controle. A ansiedade é um mal que também afeta milhões de pessoas.

Que a atitude de Pablo sirva de inspiração para que outras pessoas abram a mente para a necessidade de cuidar da saúde mental. Sofro de ansiedade e após anos relutando há um ano decidi fazer terapia e vejo que neste período a sala de espera do consultório que frequento está cada vez mais cheia. Não é que os problemas com saúde mental aumentaram, é que as pessoas estão cada vez mais com disposição em buscar ajuda.

Pablo agiu para cuidar de si, mas ao tornar pública a motivação para a licença está dando um belo exemplo para todo o Rio Grande do Norte.

Categorias
Reportagem

Natal é a segunda capital do Nordeste em quantidade de pessoas com depressão

Um levantamento inédito publicado pelo Ministério da Saúde neste mês coloca Natal como a segunda capital do Nordeste com o maior número de pessoas com 18 anos ou mais que relataram um diagnóstico médico por depressão. A capital potiguar contabiliza 11,8% de registros nessa parcela da população, através somente de Recife, com 12,5%, conforme dados tabulados pelo órgão ministerial através da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) – ano base 2021. A depressão, quando não tratada adequadamente, pode levar ao suicídio. Os números foram analisados por psicólogos do Instituto Santos Dumont (ISD), em Macaíba(RN).

Em todo o País, em média 11,3% dos brasileiros relatam um diagnóstico médico de depressão. É um número bem acima da média apontada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o Brasil, de 5,3%. A pesquisa Vigitel é aplicada todos os anos, e tem como objetivo coletar informações que dizem respeito à saúde nas capitais brasileiras. Essa é a primeira vez que a pesquisa traz números relacionados à depressão. Entre os sintomas da condição, estão: tristeza persistente, desânimo, baixa autoestima, sentimento de inutilidade, alterações no apetite, ganho ou perda de peso súbita, insônia, excesso de sono e fadiga acentuada.

“A pandemia em si, as questões econômicas, o aumento elevado de desemprego… Todos esses fatores contribuem de forma significativa para o elevado número de diagnósticos na capital potiguar”, avalia o preceptor psicólogo do ISD, Robson Rates. Ele destaca, ainda, que com o teleatendimento em saúde, um número maior  de pessoas conseguiu ter acesso direto às equipes médicas. “Temos um aumento significativo desses dados. Mas, com certeza, esses números ainda não demonstram a realidade dos consultórios, pois estão subnotificados. O número real é, provavelmente, muito maior”, reforça.

De acordo com o levantamento, a frequência de adultos que referiram diagnóstico médico de depressão variou entre 7,2% em Belém e 17,5% em Porto Alegre. No sexo masculino, as maiores frequências foram observadas em Porto Alegre (15,7%), Florianópolis (12,9%) e no Rio de Janeiro (11,7%), e as menores em Salvador (4,2%), Rio Branco (4,3%) e Palmas (4,4%). Entre mulheres, o diagnóstico de depressão foi mais frequente em Belo Horizonte (23,0%), Campo Grande (21,3%) e Curitiba (20,9%), e menos frequente em Belém (8,0%), São Luís (9,6%) e Macapá (10,9%).

No conjunto das 27 cidades, a frequência do diagnóstico médico de depressão foi de 11,3%, sendo maior entre as mulheres (14,7%) do que entre os homens (7,3%). Entre os homens, a frequência dessa condição tende a crescer com o aumento da escolaridade. Em Natal, a depressão afeta mais mulheres com 18 anos ou mais (14,6%) do que homens na mesma faixa etária (8,4%).

“As mulheres sofrem mais preconceito social, a sociedade é machista, o índice de desemprego é muito maior entre as mulheres, as grávidas são desligadas do ambiente de trabalho na maioria dos casos. Esses fatores fazem com que as mulheres adoeçam mais”, comenta Robson Rates. A alteração do comportamento e o consequente isolamento são sinais primários de que alguém está desenvolvendo um quadro depressivo. “Se alguém é introspectivo, pode demonstrar uma alegria repentina que não tinha, por exemplo. Depois, vem a apatia, o isolamento, a desesperança. Nos casos mais graves, leva ao suicídio. A depressão é uma doença sem cura. Apesar disso, tem tratamento. Ele precisa ser psicológico e psiquiátrico, além de outras intervenções como atividades físicas”, adverte o psicólogo.

Autocuidado

Conforme a preceptora Miliana Galvão Prestes, mestre em Psicologia do ISD, a depressão apresenta características instaladas, com histórico em adolescentes e adultos. Ela se configura como um fator de risco para o suicídio.

“A depressão se tornou algo tão generalizado que se apresenta hoje em pessoas que conseguem manter uma rotina de trabalho, de atividade física. Os sinais são sutis e, às vezes, as pessoas não percebem que estão deprimidas. A depressão é uma doença crônica que precisa de acompanhamento com psicólogo e psiquiatra, além de tratamentos alternativos como mudança de estilo de vida, redução de estresse, formas de autocuidado como atividade física, que é um ótimo “remédio” para a depressão”, lista.

Além do autocuidado, a psicóloga aponta que a pessoa com depressão precisa buscar outros tipos de tratamento, como as práticas de cuidado coletivas. “São terapias integrativas, convivência comunitária, se integrar a alguma associação. Situações que essa pessoa tenha alguma convivência social que traga a sensação de pertencimento, de utilidade, valorização”, destaca.

Vigitel

Conforme a publicação, pelo menos 27 mil brasileiros responderam aos questionários por telefone, configurando o maior inquérito de saúde do país, entre setembro de 2021 e fevereiro de 2022. Os entrevistados responderam, entre outros, ao seguinte questionamento:  “Algum médico já lhe disse que o(a) Sr.(a) tem depressão?”. A Vigitel tem como objetivo monitorar a frequência e a distribuição dos principais fatores de risco e de proteção das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), um dos principais problemas de saúde pública no Brasil. Estabeleceu-se um tamanho amostral mínimo de 2 mil indivíduos em cada cidade para estimar, com nível de confiança de 95% e erro máximo de dois pontos percentuais, a frequência de qualquer indicador na população adulta. Além dos dados relativos à depressão, a pesquisa Vigitel aborda aspectos da obesidade, realização de atividade física e consumo de tabaco, por exemplo.

“Já tínhamos um indicativo de que o problema estava aumentando e, por isso, decidimos incluir a depressão no Vigitel, que é feito com maior periodicidade”, explicou o professor Rafael Moreira Claro, da Universidade Federal de Minas (UFMG), coordenador do trabalho ao jornal O Estado de São Paulo. “A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019 registrou que 10% da população tinha um diagnóstico médico de depressão, ante 7,6% na pesquisa anterior, de 2013; aumento de 5 milhões de pessoas.”

Ranking

Percentual de adultos com 18 anos ou mais que referiram diagnóstico médico de depressão, por sexo, nas capitais do Nordeste.

Recife: 12,5%

Natal: 11,8%

Fortaleza: 11,4%

Maceió: 11,3%

João Pessoa: 11,0%

Aracaju: 10,9%

Teresina: 10,8%

Salvador: 8,0%

São Luís: 8,0%

Fonte: Vigitel 2021

Principais fatos

A depressão é um transtorno mental frequente;

Em todo o mundo, estima-se que mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofrem com esse transtorno;

A depressão é a principal causa de incapacidade em todo o mundo e contribui de forma importante para a carga global de doenças;

Mulheres são mais afetadas que homens;

No pior dos casos, a depressão pode levar ao suicídio;

Existem vários tratamentos medicamentosos e psicológicos eficazes para depressão.

Fonte: Organização Mundial de Saúde (OMS)

Categorias
Matéria

Com salários atrasados, funcionários de terceirizadas da Prefeitura de Mossoró sofrem com depressão

Nos grupos de funcionários das terceirizadas que prestam serviços à Prefeitura de Mossoró são constantes os relatos de diagnósticos de depressão e postagens de fotos de remédios usados nos tratamentos.

Os constantes impasses em relação aos pagamentos têm provocado crises de ansiedade que terminam provocando depressão. Ainda existe um quadro forte de assédio moral que piora a situação. “A gente não consegue entender porque as pessoas prestam serviço com salários atrasados e há muita cobrança da gestão municipal e da empresa. Como eles podem prestar um bom serviço?”, questiona Aldeiza Sousa, delegada sindical de Mossoró do Sindlimp.

“Eles não tem moral nenhuma. É muita maldade”, complementa.

Aldeiza afirma estar muito preocupada com os relatos de diagnóstico de depressão. “É uma situação humilhante para essas pessoas que trabalham, não recebem e ainda são cobradas. É muito difícil suportar”, desabafa.