Categorias
Matéria

Deputados se posicionam contra homenagem a jovem torturado e morto pela ditadura militar

 

Deputados votam contra homenagem (Montagem: Blog do Barreto)

Durante a discussão do projeto de lei que dá o nome de Emmanuel Bezerra dos Santos para a Casa do Estudante de Natal, os deputados estaduais Allyson Bezerra (SD) e Coronel Azevedo (PSL) se posicionaram contra a homenagem.

A discussão foi na Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa.

Coronel Azevedo classificou a homenagem como uma humilhação para a Polícia Militar. “Isso é uma humilhação para a Polícia Militar do Rio Grande do Norte. Ali, em 1935 era o quartel da PM. Emmanuel não era mais estudante e um militante do grupo que queria transformar o país numa ditadura. Vivia na clandestinidade e morreu enfrentando a Polícia”, justificou.

Já Allyson Bezerra negou influência ideológica no voto. “O deputado (Coronel Aezevedo) tem uma posição ideológica e por isso votou contra a admissibilidade.  O meu não é por esse motivo. Deixei claro no voto. Mas sim para evitar que amanhã a casa aprove o nome de quem assassinou esse aluno como o nome de outro prédio público. O que irá ocorrer seguindo a linha da admissibilidade para tudo. Infelizmente está sendo associado ao inverso que defendo”, explicou.

Durante a discussão, a deputada Isolda Dantas reagiu: “Não se pode desqualificar. Se havia perseguição era porque o que havia no país era uma ditadura. Não vamos desconstruir os outros heróis. Homenageiem os seus heróis e respeitem os dos outros. Na democracia há o direito de se homenagear todos os heróis”.

Como o voto dela e dos deputados Kleber Rodrigues (Avante) e Hermano Morais (MDB) a proposta terminou sendo aprovada e será votada em plenário.

Quem foi

Emmanuel Bezerra dos Santos é natural de São Bento do Norte onde nasceu em 1947. Ele morou na Casa do Estudante, cursou o atual ensino médio no Atheneu e foi aluno do curso de pedagogia na UFRN onde se tornou liderança estudantil sendo presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE).

O estudante integrou o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Comunista Revolucionário (PCR).

Ele foi preso em Recife em 1973 sendo em seguida encaminhado ao DOI-CODI onde passou pelas mãos do delegado Sérgio Fleury. Emmanuel não resistiu as sessões de tortura. Aversão passada pelo regime era de que ele tinha morrido numa troca de tiros com a polícia na cidade de São Paulo.